Texto publicado no Jornal "O Monitor Campista",
edição 419, de 02/07/1844
Contribuição do Dr. Sávio Gomes
Corria o mês de junho de 1844, há 168 anos, numa
quinta-feira, dia 13 daquele mês, que a livraria Ao Livro Verde abria suas
portas na então rua da Quitanda, nº 22, na cidade de Campos. O empreendimento
foi inaugurado pelo português José Vaz Correia Coimbra. “Havia na época um
porto importante na região – o Cais do Imperador na foz do no rio Paraíba do
Sul –, que trouxe muitas famílias portuguesas para cá”, explica Ronaldo Sobral,
atual proprietário da loja. “Graças a isso, havia uma demanda por livros
importados de Portugal”.
Cento e sessenta e oito anos depois, o cais não existe mais, as famílias
portuguesas se tupinicanizaram e o Brasil já produz seus próprios livros, mas a
livraria Ao Livro Verde continua de portas abertas na rua Governador Teotônio
Ferreira de Araújo, nº 66. Mudou de endereço, pensariam os mais incautos. Mas
não – foi a rua que mudou de nome e de numeração. A livraria segue onde sempre
esteve e é a mais antiga livraria do Brasil em funcionamento. Na Livro Verda
tem uma variada exposição de livros de autores campistas e que falam sobre
Campos.. E Ronaldo é gente muito boa, atendendewndo à todos com muita atenção.
É bem verdade que possui uma grande área dedicada a produtos de papelaria e
oferece uma gama de produtos bastante variada e nem sempre diretamente ligada
ao livro. Mas a realidade é que a Ao Livro Verde já nascera assim e, em tempos
de desafios para as livrarias independentes, parece encontrar em suas origens
uma forma de sobreviver. Como o jornal O Monitor Campista noticiou na época da
abertura da loja, o estabelecimento oferecia, além de livros, “...perfumarias,
miudezas, livros pautados e em branco, um lindo sortimento de jóias do último
gosto, drogas medicinais e para pintura...”, além de comercializar, como não
podia deixar de ser, “o verdadeiro rapé Bernardes”, que supria, nos idos de
1844, a falta do similar Princesa de Lisboa.
Mas Ronaldo Sobral, cuja família é proprietária da livraria há 80 anos, não
olha apenas para o passado. “Nossa loja virtual sai ainda este ano no ar”,
explica o livreiro, ao lado do cyber café que já existe na loja física e de
olho no futuro. Até já existe algum movimento no
www.aolivroverde.com.br,
embora o catálogo ainda não esteja no ar. Mas o que importa é que lá no alto da
página já estão publicadas, com muito orgulho, as palavras “Desde 1844”.
Abaixo republicamos a íntegra da notícia sobre a abertura da livraria Ao Livro
Verde publicada em O Monitor Campista. Mantivemos a grafia da época:
“Loja do livro verde, rua da Quitanda n. 22
José Vaz Correia Coimbra e C.ª, annuncião ao respeitável publico que acabão de
abrir sua casa de negocio, com a denominação acima especificada, na qual se
acha para vender o seguinte: um variado sortimento de obras e mais pertences
para escolas de instrucção primariae secundaria de latim e francez, bem como
novellas, historias e romances; musica de cantoria e para pianno, e vários
instrumentos de corda e sopro; papel almço e de peso de differentes qualidades,
dito de Hollanda, e outros accessorios para escriptorio; perfumarias, miudesas,
livros pautados e em branco, um lindo sortimento de jóias do ultimo gosto,
drogas medicianaes e para pintura, broxas e papelão de números sortidos, o
verdadeiro rapé Bernardes, que já supre a falta do princesa de Lisboa,
excellente chá hisson, bem como outros muitos artigos que se hão de annunciar.
Os annunciantes se propõem a servir e por preços razoáveis, as pessoas que
queirão honrar com sua confiança.”
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