Em
princípio, toda mulher bonita, sensível e inteligente gosta de ser cortejada.
Como galante incorrigível, não perco uma oportunidade. Acho eu, na minha
filosofia que é “pecado mortal”, diante de uma fêmea esplêndida da espécie
humana, linda, charmosa, livre, leve e solta, você deixar de olhar, suspirar ou
imortalizar em imagens e versos esse momento fugaz e encantador. Até porque, “a
vida é breve, e a paixão, intensa”, segundo Omar Kayam.
Grandes
artistas pintaram, esculpiram, fotografaram ou transformaram em canções esses
momentos, como fez Vinícius de Moraes:
“Olha que coisa mais linda,
Mais cheia de graça,
É ela menina
Que vem e que passa
Seu doce balanço
Caminho do mar...”
Como
trabalho num universo predominantemente feminino, criei o hábito de transformar
em poesias essas apreciações de natureza estética, com retorno elogiado pelas
musas, enaltecidas.
Vai
daí que uma colega minha do Liceu, certo dia, me cobrou queixosa:
¬ Você faz poesia para todas as professoras, só não
faz para mim!?!
¬ Não precisa pedir duas vezes, minha amiga!!! Farei
com todo prazer!!!
No dia
seguinte, contrariando aquela máxima do filósofo: “O primeiro homem que
comparou uma mulher a uma flor era um poeta, o segundo um pateta”, apresentei a
minha poesia lírica. Ficou toda contente e embevecida com a minha gentileza.
Mais à frente, um pouco indecisa, arriscou:
¬ Dá pra você fazer outra poesia??! Ora, afinal você
mexeu com os meus sentimentos...!
Pode
deixar que eu repito a dose, colega!
Recebeu
o novo poema, cheia de expectativas. Estava ansiosa, Seu olhar e respiração
revelavam isso. Era um cântico sobre suas formas sedutoras. A partir daí, ela
passou a ficar tímida e insegura quando me via.
Não
passou muito tempo, ela me cobrou toda dengosa: “Faz outra poesia pra mim”!
E lá
fui eu, buscando inspiração, poetando, seguidamente, até que lá pelo vigésimo
poema, ela se dirigiu a mim bastante entusiasmada:
¬ O que mais gostei, foi o que você escreveu: “que
eu era uma fêmea nota dez”!!!
¬ Conceito de professor, colega! Vícios da
profissão!
E
assim a coisa ia, ou foi, até que certo dia um cidadão bateu a minha porta. Mal
encarado, trazia debaixo do braço um punhado de papéis. Ao ser atendido, me
apresentou aquele calhamaço de escritos, indagando agressivamente:
¬ É o senhor que anda escrevendo isso para minha
mulher???!
Diante da surpresa, só me restou aquela
saída:
¬ O senhor está completamente equivocado! Eu???!
Deve ser um homônimo ou algum sacana, usando indevidamente o meu nome!
Antes
que ele recuperasse o ânimo, apliquei o golpe mortal:
¬ O senhor quer saber de um segredo??? Eu tenho
ojeriza à mulher!!! Desde os meus vinte anos de idade ando “entojado” dessas
coisas!. Acho até que sou “boiola”!
Luiz
Magalhães (Matéria publicada em jornal).
Observação – Isso é para quem gosta de viver
perigosamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário