quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A LOURA PLATINADA






Texto de autoria de Luiz Magalhães 

          “Pois tudo que se ama é apenas
           Um breve momento de prazer, um sonho.
            Ah, nunca entregue de todo seu coração...” Yeats


         Loura cativante, olhos verde-azulados e brilhantes, dona de um sorriso maravilhoso, radiante e espontâneo, seios generosos e exuberantes, com plena consciência do seu corpo e da atração sexual (seax-appeal) que projetava para seu público, um verdadeiro magnetismo animal, numa época em que dançar, fumar, beber, cinema, festas mundanas como carnaval, futebol e outras coisas mais, para o puritanismo religioso americano eram coisas do Demônio.
         Seu senso descontraído e de malícia, transbordando alegria e vitalidade, contagiou o mundo inteiro em tempo em que os homens preferiam as louras.
         Norma Jane foi seu nome de registro civil. Da sua infância miserável (pai desconhecido e mãe doente mental), foi doada até aos 17 anos de idade a nove famílias que não conseguiram suportá-la. Prostituta de rua como forma de sobrevivência, jamais se sentiu culpada por essa breve passagem de sua história, acabou revolucionando a arte cinematográfica nas décadas de 50/60, quando os cinemas eram as catedrais das diversões. A crítica especializada até hoje a considera como a Mulher do Século XX.
         Quem há de esquecer-se do seu doce balanço sedutor de quadris e a empatia que transmitia aos cinéfilos da época?
         De cabelos castanhos, para conseguir um lugar ao sol, no ultra-mercado competitivo hollywoodiano transformou-os em louros girassóis (o anjo louro), e posteriormente em loura-platinada, desbancando as ardentes louras flamejantes que reinavam absolutas nessa época, entre as quais, me lembro bem de: Ronda Fleming, Rita Hayworth, Lana Turner, Grace Kelly, Zsa Zsa e Eva Gabor, Doris Day e Jayne Mansfield.
         Marilyn Monroe, seu nome artístico, recusou propostas de casamento com príncipes e milionários em troca de sua obstinada vocação artística. Na verdade, “Miss Monroe” jamais conseguiu amar e ser amada por um homem. Três casamentos desfeitos rapidamente e muitos amantes, sempre se sentindo obstruída nos seus relacionamentos amorosos, seja com Joe DiMaggio (herói popular americano no basebol) aos 25 anos de idade, ou com Arthur Miller, escritor e teatrólogo quando estava se tornando a mais famosa e glamourosa estrela da história de Hollywood.
         Dos seus 29 filmes produzidos, tive a felicidade de assistir: Torrentes de Paixão (Niágara), Os homens preferem as louras, Como amar um milionário, O rio das Almas Perdidas, Nunca fui Santa, e o mais lembrado até hoje, O Pecado Mora ao Lado, pela cena memorável em que sua saia se levanta acima da tampa do bueiro, mostrando sua calcinha branca e imaculada.
         Com pouca escolaridade, ao contrário do que se dizia no início da sua carreira meteórica, que se tratava de mais uma “loura linda e burra”, estudou com muito afinco durante sua breve vida, canto, dança, literatura e artes dramáticas.
         Poetava razoavelmente:
         “Parei sob os seus galhos e você floriu / e depois se agarrou a mim / e quando o vento fustigou com terra e areia / você se agarrou a mim...”
         Suas entrevistas de improviso à imprensa mostram um quê de inteligência:
         “A verdadeira beleza e feminilidade são intemporais, não podem ser fabricadas”.
         “A fama vai passar e... adeus, fama, eu já a tive”!
         Sua morte prematura aos 36 anos de idade chocou o mundo inteiro e permanece até hoje um mistério: overdose acidental ou intencional?
         Ficções ou verdades de que ela teria sido amante dos irmãos John e Robert F. Kenned, ou assassinada por com barbitúricos por agentes da CIA que viam nela uma “subversiva” a serviço de Moscou, em pleno clima de “guerra-fria”. Ativista política e democrata teve grande participação na luta pelos direitos civis americanos alcançados em 1962. Ninguém até hoje conseguiu esclarecer com fidedignidade essas e outras hipóteses.
         Inúmeras investigações criminais e livros foram escritos em torno do tema: “Quem matou Marilyn Monroe”?
         Permanecem em nossa memória, sua simplicidade, generosidade, seu sorriso cativante e formas corporais irresistíveis. Viveu a vida com muita intensidade sem preocupações com bens materiais. Morreu relativamente pobre, embora muitos tenham enriquecido com a sua imagem.

                                                                                Luiz Magalhães

         Nota- Os dados biográficos que constam dessa breve crônica se baseiam no mais criterioso dos seus pesquisadores e biógrafos: Donald Spoto, em 750 páginas.
          
                  
          

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