Texto de autoria de Luiz Magalhães
“Pois tudo
que se ama é apenas
Um
breve momento de prazer, um sonho.
Ah, nunca entregue de todo seu coração...” Yeats
Loura
cativante, olhos verde-azulados e brilhantes, dona de um sorriso maravilhoso,
radiante e espontâneo, seios generosos e exuberantes, com plena consciência do
seu corpo e da atração sexual (seax-appeal) que projetava para seu público, um
verdadeiro magnetismo animal, numa época em que dançar, fumar, beber, cinema,
festas mundanas como carnaval, futebol e outras coisas mais, para o puritanismo
religioso americano eram coisas do Demônio.
Seu
senso descontraído e de malícia, transbordando alegria e vitalidade, contagiou
o mundo inteiro em tempo em que os homens preferiam as louras.
Norma
Jane foi seu nome de registro civil. Da sua infância miserável (pai
desconhecido e mãe doente mental), foi doada até aos 17 anos de idade a nove
famílias que não conseguiram suportá-la. Prostituta de rua como forma de
sobrevivência, jamais se sentiu culpada por essa breve passagem de sua
história, acabou revolucionando a arte cinematográfica nas décadas de 50/60,
quando os cinemas eram as catedrais das diversões. A crítica especializada até
hoje a considera como a Mulher do Século XX.
Quem
há de esquecer-se do seu doce balanço sedutor de quadris e a empatia que
transmitia aos cinéfilos da época?
De
cabelos castanhos, para conseguir um lugar ao sol, no ultra-mercado competitivo
hollywoodiano transformou-os em louros girassóis (o anjo louro), e posteriormente
em loura-platinada, desbancando as ardentes louras flamejantes que reinavam
absolutas nessa época, entre as quais, me lembro bem de: Ronda Fleming, Rita
Hayworth, Lana Turner, Grace Kelly, Zsa Zsa e Eva Gabor, Doris Day e Jayne
Mansfield.
Marilyn
Monroe, seu nome artístico, recusou propostas de casamento com príncipes e
milionários em troca de sua obstinada vocação artística. Na verdade, “Miss
Monroe” jamais conseguiu amar e ser amada por um homem. Três casamentos
desfeitos rapidamente e muitos amantes, sempre se sentindo obstruída nos seus
relacionamentos amorosos, seja com Joe DiMaggio (herói popular americano no
basebol) aos 25 anos de idade, ou com Arthur Miller, escritor e teatrólogo
quando estava se tornando a mais famosa e glamourosa estrela da história de
Hollywood.
Dos
seus 29 filmes produzidos, tive a felicidade de assistir: Torrentes de Paixão
(Niágara), Os homens preferem as louras, Como amar um milionário, O rio das
Almas Perdidas, Nunca fui Santa, e o mais lembrado até hoje, O Pecado Mora ao Lado,
pela cena memorável em que sua saia se levanta acima da tampa do bueiro,
mostrando sua calcinha branca e imaculada.
Com
pouca escolaridade, ao contrário do que se dizia no início da sua carreira
meteórica, que se tratava de mais uma “loura linda e burra”, estudou com muito
afinco durante sua breve vida, canto, dança, literatura e artes dramáticas.
Poetava
razoavelmente:
“Parei
sob os seus galhos e você floriu / e depois se agarrou a mim / e quando o vento
fustigou com terra e areia / você se agarrou a mim...”
Suas
entrevistas de improviso à imprensa mostram um quê de inteligência:
“A
verdadeira beleza e feminilidade são intemporais, não podem ser fabricadas”.
“A
fama vai passar e... adeus, fama, eu já a tive”!
Sua
morte prematura aos 36 anos de idade chocou o mundo inteiro e permanece até
hoje um mistério: overdose acidental ou intencional?
Ficções
ou verdades de que ela teria sido amante dos irmãos John e Robert F. Kenned, ou
assassinada por com barbitúricos por agentes da CIA que viam nela uma
“subversiva” a serviço de Moscou, em pleno clima de “guerra-fria”. Ativista
política e democrata teve grande participação na luta pelos direitos civis
americanos alcançados em 1962. Ninguém até hoje conseguiu esclarecer com
fidedignidade essas e outras hipóteses.
Inúmeras
investigações criminais e livros foram escritos em torno do tema: “Quem matou
Marilyn Monroe”?
Permanecem
em nossa memória, sua simplicidade, generosidade, seu sorriso cativante e
formas corporais irresistíveis. Viveu a vida com muita intensidade sem
preocupações com bens materiais. Morreu relativamente pobre, embora muitos
tenham enriquecido com a sua imagem.
Luiz Magalhães
Nota-
Os dados biográficos que constam dessa breve crônica se baseiam no mais
criterioso dos seus pesquisadores e biógrafos: Donald Spoto, em 750 páginas.
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