sexta-feira, 11 de maio de 2012

CARTA A UMA AMIGA QUE ACABA DE PARTIR



DE TALITA BATISTA PARA ROSA MUNIZ


Um Último Encontro com Rosa Muniz
 Hoje, 08/05/2012, às 6 horas da manhã, tenho com você, Rosa, meu último encontro. Você vem até aqui, trazida por alguns funcionários, e ficamos, por alguns momentos, sozinhas.
Local? O   mesmo que todos os nossos queridos guerreiros, por aqui passaram e se foram, deixando em mim, como você vai deixar, um  grande vazio.
Onde está toda aquela alegria e agitação dos tempos idos? A alegria do encontro dá lugar ao aperto na garganta e à certeza de que o teatro da vida perdeu uma grande protagonista.
Quero ter forças para te encontrar, cantando e celebrando a vida, como sempre foi de seu gosto, nos nossos encontros. Alcione vem ao meu socorro, nesse momento difícil para nós duas, ao interpretar a melodia e letra de Edson Conceição e Aloísio,”Não Deixe o Samba Morrer”.
“Quando eu não puder pisar mais na avenida;
Quando as minhas pernas não puderem agüentar;
Levar meu corpo, junto de meu samba,
O meu anel de bamba,
Entrego a quem mereça usar.”
 E quem merecerá ficar com seu anel de “bamba”, minha amiga?
Vem na frente, irradiante, em primeiríssimo lugar, com sua indescritível garra e a certeza de que o Sol nasce todos os dias, a sua tão querida cunhada Conceição Muniz. Com ela, merecidamente, fica o anel da sabedoria, do brilho, da luz, do discernimento, da compreensão, da harmonia e da paz, que tanto precisamos.
No percurso desses 83 anos, de sua rica existência, Rosa, você foi conquistando muitos anéis de “bamba”. E todos, que te conheceram bem, podem testemunhar esse fato:
Anel de grande e fiel esposa e companheira que foi para o José Jorge, meu grande amigo-irmão.
Anel de dedicada mãe para Maria Tereza e Jorge Guilherme. Anel de amorosa avó, para a pequena Duda, para seus netos  Sérgio Augusto, José Jorge e Jovanna e seu bisneto Gabriel.
Você conquistou até um anel muito raro, difícil mesmo de se conquistar, pelo estigma cultural, trazido pelos tempos, o anel de muito querida sogra: de seu muito amado genro Sérgio Augusto e de sua delicada e linda nora, Carla.
E não terá porta-jóia que caiba todos os anéis de apoio e dedicação aos sobrinhos, aos afilhados, aos vizinhos e a todos os amigos que você foi agregando, no percurso de sua vida.
Para mim, minha grande e fiel amiga, gostaria de poder herdar o anel de suas grandes e fiéis amizades, destacadamente o da Vânia (carioca) e o da Acenyr Botticelli, essa já minha antiga amiga e companheira de luta, também tão queridas por você.
Mas o maior e o mais valoroso anel que conquistou, minha amiga, foi o de ter tido a oportunidade de pertencer e conviver, de modo tão lindo, com a família Costa Muniz. Todos os componentes dessa família, sem exceção alguma, incluindo os tão queridos que se foram, merecem ostentar os anéis mais nobres, por serem as pessoas mais dignas, mais dóceis, mais bonitas e humanas que conheci.
No entanto, o anel dessa família, com o seu consentimento e o consentimento do Fernando, já foi dado a mim, por meu grande amigo José Jorge, e eu o guardo bem guardadinho, no meu coração, para ser herdado por meus filhos, meus netos e toda minha geração, daqui pra frente.
Deixe o anel da alegria e garra pela vida com seus filhos, netos e todos oos seus amigos, Rosa, porque vamos precisar muito dele, agora, sem você entre nós.
E vá com Deus, minha amiga. Ele te conduzirá para mais perto Dele, junto dos quantos nossos estão lá, esperando por você, agora. Um beijo e que Deus te abençoe.
Até lá,








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