quarta-feira, 11 de abril de 2012

Conversê das Dialéticas Celinha e Talita


Caros amigos de minha geração !!! kkkkkkk
detenha-se em ler este papo ..porque tu vai rir muito ...rsrs

para aquele que nao pertence a minha geração .....recorde
as musicas tradicionais de infancia ...rs e vc vai entender
sem ser psicanalista ...

Deixo a pergunta :
_ Mito ou fato ?
                                  Celinha



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CONVERSA ENTRE DUAS CRIANÇAS DO SÉCULO XXI!!!


- E aí, véio?

- Beleza, cara?

- Ah, mais ou menos. Ando meio chateado com algumas coisas.

- Quer conversar sobre isso?

- É a minha mãe. Sei lá, ela anda falando umas coisas estranhas, me botando um terror, sabe?

- Como assim?

- Por exemplo: há alguns dias, antes de dormir, ela veio com um papo doido aí. Mandou eu dormir logo senão uma tal de Cuca ia vir me pegar. Mas eu nem sei quem é essa Cuca, pô. O que eu fiz pra essa mina querer me pegar? Você me conhece desde que eu nasci, já me viu mexer com alguém?

- Nunca.

- Pois é. Mas o pior veio depois. O papo doido continuou. Minha mãe disse que quando a tal da Cuca viesse, eu ia estar sozinho, porque meu pai tinha ido pra roça e minha mãe passear. Mas tipo, o que meu pai foi fazer na roça? E mais: como minha mãe foi passear se eu tava vendo ela ali na minha frente? Será que eu sou adotado, cara?

- Como assim, véio?

- Pô, ela deixou bem claro que a minha mãe tinha ido passear. Então ela não é minha mãe. Se meu pai foi na casa da vizinha, vai ver eles dois tão de caso. Ele passou lá, pegou ela e os dois foram passear. É isso, cara. Eu sou filho da vizinha. Só pode!

- Calma, maninho. Você tá nervoso e não pode tirar conclusões precipitadas.

- Sei lá. Por um lado pode até ser melhor assim, viu? Fiquei sabendo de umas coisas estranhas sobre a minha mãe.

- Tipo o quê?

- Ela me contou um dia desses que pegou um pau e atirou em um gato. Assim, do nada. Maldade, meu! Vê se isso é coisa que se faça com o bichano!

- Caramba! Mas por que ela fez isso?

- Pra matar o gato. Pura maldade mesmo. Mas parece que o gato não morreu.

- Ainda bem. Pô, sua mãe é perturbada, cara.

- E sabe a Francisca ali da esquina?

- A Dona Chica? Sei sim.

- Parece que ela tava junto na hora e não fez nada. Só ficou lá, paradona, admirada vendo o gato berrar de dor.

- Putz grila. Esses adultos às vezes fazem cada coisa que não dá pra entender.

- Pois é. Vai ver é até melhor ela não ser minha mãe mesmo... Ela me contou isso de boa, cantando, sabe? Como se estivesse feliz por ter feito essa selvageria. Um absurdo. E eu percebo também que ela não gosta muito de mim. Esses dias ela ficou tentando me assustar, fazendo um monte de careta. Eu não achei legal, né. Aí ela começou a falar que ia chamar um boi com cara preta pra me levar embora.

- Nossa, véio. Com certeza ela não é sua mãe. Nunca que uma mãe ia fazer isso com o filho.

- Mas é ruim saber que o casamento deles não está dando certo... Um dia ela me contou que lá no bosque do final da rua mora um cara, que eu imagino que deva ser muito bonitão, porque ela chama ele de 'Anjo'. E ela disse que o tal do Anjo roubou o coração dela. Ela até falou um dia que se fosse a dona da rua, mandava colocar ladrilho em tudo, só pra ele passar desfilando e tal.

- Nossa, que casamento bagunçado esse. Era melhor separar logo.

- É. só sei que tô cansado desses papos doidos dela, sabe? Às vezes ela fala algumas coisas sem sentido nenhum. Ontem mesmo, ela disse que a vizinha cria perereca na gaiola... já viu...essa rua só tem doido...



- Ixi, cara. Mas a vizinha não é sua mãe?

- Putz, é mesmo! Tô ferrado de qualquer jeito. 
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  Resposta de Talita

Adorei esse e-mail, Celinha! Vou encaminhar para todos da minha lista! Obrigada por ter se lembrado de mim. Você é muito legal mesmo! Achei muito divertido, tudo relacionado com as músicas de Ciranda de Roda e Cantigas de Ninar. Bem provável que os jovens de hoje não saibam o significado dessas atividades. Ainda mais que muitas mães hoje não cuidam dos filhos como antigamente e não sei se as creches ou babás se prestam ou têm essa cultura.
Essa mensagem me fez lembrar da Tatiana, minha filha, quando criança, ouviu contar a história dos Três Porquinhos, ficou morrendo de pena dos porquinhos que não tinham casinha para morar, mas teve mais pena ainda do Lobo Mal que não tinha comida para comer, que estava com fome porque, com certeza não tinha mãezinha para fazer comida para ele e aí passou a ficar morrendo de raiva dos Porquinhos e inverteu o sentido de toda a história infantil, já clássica.
Mas, com relação a essas músicas, elas, apesar de fazerem parte de uma tradição que acho linda - cantigas de ninar, cirandas de roda - trazem muita coisa complicada e, uma idelogia complicada para se deconstruir depois. Por exemplo, aquela: "Terezinha de Jesus, de um queda, foi ao chão. Acudiram três cavalheiros, todos três chapéu na mão". Imagina: o pai, o irmão e, por último, o marido.
A pobre mulher chamada Terezinha não conseguirá ficar de pé sozinha não. Ela precisa de qualquer um dos três varões para erguê-la. Ou seja, não  dá o direito da mulher escolher um homem, para ficar ao seu lado, ou mesmo permancer sozinha, se assim o desejar - nem levanta essa hipótese, mas justifica a necessidade dela precisar de um homem ao seu lado, sempre, caso queira, para ter o respeito e a dignidade que julga merecer.
E tem outras, por aí. Mas gosto desse folclore, cantava sempre em sala de aula, quando trabalhava com crianças.
 Bjs.

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