sexta-feira, 27 de abril de 2012

Conversa de Sergio Armando e Talita sobre a A EVOLUÇÃO DA COMPREENSÃO DO UNIVERSO

 
Explicação do Sérgio Armando:
       
No século passado, tivemos duas revoluções que sacudiram nossa visão aqui na Terra:

1)A teoria da  Relatividade  de Albert Einstein , que mostra a explicação do comportamento de corpos gigantescos e distantes, como as galáxias, com  apenas duas variáveis (massa e Energia) e uma cons-tante (a velocidade da luz), explica também outros fenômenos.
Com essa teoria temos a amostra de  como o espaço (3 dimensões) e o tempo (quarta dimensão) se curvam para gerar a atração gravita-cional. Mas ela  falha na  compreensão do  mundo  infinitesimal, ou  das partículas menores do que o átomo.

2)A teoria da Mecânica Quântica, para  a compreensão do universo microscópico,  descreve  o  comportamento  das partículas menores do que o átomo e muitas vezes imprevisíveis.No mundo quântico, as mudanças acontecem aos saltos........

Nas últimas décadas, a maior parte das conquistas da Física veio da
Mecânica Quântica. Esse mundo quântico parece uma colcha de re-talhos. Reúne equações complicadas  com  até  20  variáveis, porém, foi testada exaustivamente e se mostrou correta.
O  físico  americano  Richard  Feynman (falecido em 1988) afirmou que  ela  é  tão  precisa quanto medir  a distância  de Los Angeles  à New York, sem errar nem por um fiozinho de cabelo.
Mas a Física Quântica ainda deixou uma lacuna imensa para expli-car o Universo. Ela, por exemplo, não é compatível com a teoria da Relatividade do Einstein. A teoria Quântica descreve como  a natu-reza se comporta no  nível  dos átomos, onde  a gravidade é  fraca o suficiente para ser ignorada.  A teoria  da  Relatividade informa co-mo a natureza funciona na escala das galáxias, em que as incertezas quânticas são tão pequenas que podem ser desprezadas.
As duas teorias parecem dar  conta dos nossos problemas, mas uma contraria a outra. A maioria dos físicos não  está feliz com essa situ-ação. Eles  afirmam que deveria  haver uma  teoria unificada capaz de explicar o infinitamente grande e o infinitamente pequeno.
A teoria unificada era o sonho de Einstein.
Há pelo menos 30 anos, até 2007, os físicos  apostam que essa teoria é a tal Teoria das Cordas. Ela explicaria os fenômenos que ocorrem nos gigantescos espaços  siderais e nas  partículas infinitesimais. Eis como o cientista Brian Greene descreve a Teoria das Cordas em seu Best-Seller “O Universo elegante”:  No interior  mais fundo da maté-ria vibram cordas como um instrumento musical.  Tudo  que existe  e acontece no mundo, no Universo, surge das  vibrações  dessas entida-des, centenas  de  bilhões  e bilhões de vezes menores que o núcleo de um átomo. Em  vez  de partículas  pontuais  quase  sem  dimensões, a matéria seria constituída de cordas bidimensionais, parecidas como a de um violino, em dimensões “microscópicas”. Essas  cordas  não  vi-brariam em  nosso mundo  tridimensional  visível ou quadridimensio-nal, segundo Einstein, mas num espaço com até 11 dimensões impos-sível de visualizar com o cérebro humano, através dos olhos.
Os físicos dessas cordas são maioria nas universidades de maior pres-tígio como : Harvard, Berkeley, Princeton, Stanford  e no instituto de Tecnologia de Massachusetts.
Segundo os cientistas que criticam essa teoria, a cada ajuste para tor-ná-la compatível com as leis do Universo, a mesma  fica maior e mais complicada. Esses ajustes já produziram 10 mil  e quinhentos varian-tes ( até 2007 ) na teoria, cada uma representando um universo alter-nativo, com forças e partículas diferentes.
Em 30 anos de dedicação, os cientistas não conseguiram nenhuma e-vidência experimental de que estejam no caminho certo.
Quem sabe, de 2007 pra frente...........................?

    

 Interlocução de Talita:

Sérgio Armando! Estou me sentindo homenageada por você, com tamanha atenção, uma forma reveladora de carinho, diante do meu sincero testemunho de ignorância em muitos ou todos os assuntos, de sua área. Obrigada, meu primo, você é nota dez!
Mas, até entendo também que, dialogar com pessoas completamente ignorantes em assuntos que os especialistas dominam, podem servir para seu melhor aperfeiçoamento desse citado saber, pois é na raiz e na simplicidade dos pensamentos que a gente pode fundamentar, de modo mais sólido, a edificação de um saber mais coerente, não é mesmo?
Olha, quero te dizer que adorei tudo que você me escreveu hoje.
Para começar, a trovinha sobre a função do cérebro, como órgão propulsor de tudo que sentimos, está, se você me permitir usar e até adotar o seu vocabulário, "supimpa" demais!... Nosso cérebro é tudo, muito mais do que se pode provar qualquer ciência, dita "experimental". Ele nos conduz a todas as dimensões do ser e do estar. Saber "dar corda" a esse órgão tão precioso, poderemos ir aonde nossa vontade mandar, não é assim mesmo? Portanto, adorei, meu primo! E sua trovinha está muito bem inspirada e lindinha! Vou postá-la no nosso blog, está bem?
O texto esotérico, também é muito bom! Adorei lê-lo! Identifiquei-me com ele, em vários pontos. Há mesmo "muito mais coisas entre o Céu e a Terra do que nos mostra nossa vã Filosofia". Eu acredito nisso também. Muito bom parar para pensarmos essa questão.
Agora quanto às teorias que explicam a evolução do Universo: a Teoria da Relatividade, a Teoria da Mecânica Quântica e a Teoria das Cordas, quero te dizer que o seu texto está muito bom também, muito claro mesmo, mas tenho consciência de que ainda tenho muito que caminhar nesse terreno, pode apostar.
Meu consolo e felizmente, é que sabemos que o conhecimento é assim mesmo, sempre aberto e em constante processo de mudanças. Como defende Heráclito, filósofo grego, no mundo material, tudo é um "devir" permanente, um "vir-a-ser" constante. E você pode estar sendo um instrumento desse processo de mudança, mandando essas provocações para mim. Assim como eu, diante do desconhecimento, posso, mesmo sem embasamento algum, fazer você se organizar melhor, mentalmente, diante do seu mesmo sólido conhecimento. Não é isso que pode acontecer?
Você, no texto, nomeou alguns seguidores de algumas dessas correntes. Einstein, para a Teoria da Relatividade, Brian Greene, para a Teoria das Cordas. Não citou nomes de alguns defensores da Teoria da Mecânica Quântica. Quais são os principais? Ou quem se notabilizou com essas idéias? Essa teoria foi se desdobrando e sendo conhecida também por outros nomes?
Esse seu texto me fez lembrar de um livro, da área educacional, que eu li há alguns anos. Esse livro chama-se "Introdução ao Pensamento Complexo", de Edgar Morin. Ele fala do problema da organização do conhecimento, que necessita de uma Teoria Sistêmica. Morrin refere-se à Teoria da Complexidade. Tem conceitos ali ligados à Física e eu fui lendo, algumas coisas entendia perfeitamente, outras deduzia o que o autor deveria estar querendo dizer.
Seria mais ou menos isso, Sérgio Armando, a Teoria da Cordas, por exemplo, pretende explicar a evolução de todas as coisas que ocorrem no nosso universo? Morin ligaria essa teoria ao conhecimento?
Até peguei o tal livro agora e, aleatoriamente, estou lendo, por exemplo: "Viver é Tratar com a Desordem"...   Pelo índice, estou vendo os itens: A Organização; A Auto-Organização; A Complexidade.
Estou enviando esse e-mail também para Luiz e Lúcia Marina, já que estou entendendo que foram as pessoas que ficaram mais próximas, nesse grupo.
Olha, meu primo, obrigada por tudo. Adorei o afago desses textos,
                                                                                                                                                   

O Amor vem da Mente


O  amor  não  nasce  no  coração.
Ele é gerado na nossa "mente".
E, para uma simplória  reflexão,
"coração não ama, coração não sente".

                                        Sérgio Armando

Lembranças Perdidas da Infância

 
Minhas irmãs escreveram um livro em homenagem a nossa mãe, enfatizando momentos difíceis passados, quando se afastou da família paterna que morava em São Paulo e momentos de felicidade com o advento dos oito filhos. O fato da família da minha mãe ser italiana e católica e a família do meu pai protestante causou um racha entre as duas famílias que viveram afastadas por muitos anos.
Quando uma das irmãs autoras mencionou o livro, ainda em fase de rascunho, fiz algumas observações sobre passagens da minha infância, em especial quando fui levado pelo meu pai para ficar algum tempo aos cuidados dos meus avós paternos que moravam em Conservatória. Embora lá estivesse quando criança, de tenra idade, respaldada por depoimentos dos meus irmãos mais velhos ela não confirmou minha passagem pelo vilarejo. Alguns fatos me marcaram nitidamente e estão gravados na minha memória de forma indelével e são lembranças irremovíveis.

Nasci em Campos, no norte fluminense, no ano que iniciou a segunda Guerra Mundial. Quando terminou o conflito, em 1945, estava com seis anos de idade.
Três passagens dessa infância, antes do fim da guerra, recordo-as como se hoje as estivesse vivendo novamente:
- éramos orientados a andar encostados nas paredes dos prédios quando algum avião passasse sobre a cidade, pois poderia haver um bombardeio alemão, embora nunca tivesse ocorrido;
- circulou uma noticia em Campos sobre um submarino alemão que desembarcara dois espiões na praia de Atafona, em São João da Barra, onde enterraram equipamentos de rádio transmissão;
- certa feita, estávamos na chácara, onde moravam meus avós paternos, quando minha avó sai correndo de dentro de casa e grita a noticia que acabara de ouvir no rádio: “Terminou a guerra”! Gastão, meu irmão mais velho, respondeu: eu já sabia desde manhã. Ele tinha 10 anos de idade. Minha avó deu-lhe uma bronca: e você não conta pra ninguém!
Quando relatei para ele esse último fato, Gastão não demonstrou a mínima recordação.

Durante a ditadura Vargas, os quintas colunas eram perseguidos pelo Estado Novo e a ordem de captura era cumprida pela policia política, chefiada pelo famigerado Filinto Muller.
Um amigo de papai, Paulo Leitão, aniversariava e o convidou para tomar um vinho para celebrar a data. Meu pai não bebia e morreu sem beber, mas abrira uma exceção com o amigo na Confeitaria Francesa. O navio brasileiro, Custódio de Melo, fora afundado na costa do nordeste por um submarino alemão, uma das razões da entrada do Brasil na guerra. Um dedo duro, vendo-os fazer um brinde em local público, chamou a policia denunciando-os por estarem comemorando o afundamento do navio. O amigo de papai era integralista e ambos foram presos e despachados para o Rio de Janeiro para serem inquiridos pela policia de Filinto Muller. Até concluírem que meu pai não era integralista - não me lembro por quanto tempo ficara afastado de Campos - no retorno do Rio teve que recomeçar a vida profissional. Esse fato ocorreu ainda antes do fim da guerra. Devido a possíveis dificuldades financeiras do meu pai, não tenho certeza se essa foi a razão, fui levado para Conservatória para ficar algum tempo com meus avós, que tomavam conta de um hotel da família. Da viagem, lembro-me apenas de estar na Estação Pedro II no Rio aguardando o trem para Conservatória.

Agora começa a historia contestada por minha irmã, segundo ela baseada em depoimentos dos meus irmãos mais velhos. Faço questão de frisar que isso aconteceu antes do fim da guerra e, portanto, estava com menos de 6 anos. Penso que deveria ter de 3 a 4 anos no máximo, pois me lembro perfeitamente dos últimos anos antes do fim da guerra em Campos, envolvido com as peraltices e a liberdade que crianças tinham na época, de brincar na rua, na praça, freqüentar as vendas do bairro, sem receio de qualquer espécie.
Cinco fatos me dão a certeza de ter estado em Conservatória com tão pouca idade:
-Do hotel dos meus avós, lembro-me apenas da presença deles e do José Nossar, um sacristão que fora criado pelas minhas tias avós, que também moravam com meus avós no hotel, mas não me lembro delas nessa época;
-Do trem apitando antes de entrar no túnel, na chegada à estação. Eu corria para a janela e ficava esperando meu pai sair da plataforma de embarque para me buscar.  A espera era frustrante, ele não chegava. Corria para meu quarto, deitava na cama e chorava. Lembro que era sempre o anoitecer.
-Do Zé Nossar, rosto gordo e barriga ligeiramente proeminente. Jamais poderia esquecê-lo e posso garantir que nunca mais o vira em vida. Nos fundos do hotel, havia um buraco que devia ter uns 3 a 4 metros de profundidade.  Uma galinha com os pintinhos ciscando no quintal tornou-se meu divertimento sádico: chutava os pintinhos para cair dentro do buraco. Numa dessas, Zé Nossar me flagra e deu-me uma reprimenda inesquecível.
-Do Seu Palmiro. Era um preto velho que estava sempre sentado em uma cadeira na calçada e portava uma vara com uma forquilha na ponta. Sentia medo dele, porém nunca me assustou, acho que era um boa praça. Estava sempre de paletó, talvez azul entre o anil e o marinho.
-De dois acontecimentos em companhia de papai e a participação de algum (uns) irmão (aos), que não posso precisar. Um passeio pelas redondezas da vila, atravessando uma pinguela sobre um riacho, de águas claras.  O outro acontecimento marcante foi uma excursão que fizemos para escalar o morro atrás da estação do trem para fincarmos bandeirolas do Brasil.
Muitos anos depois, fui visitar pela primeira vez meus tios em Conservatória e pude constatar que o túnel, o trem (uma Maria fumaça em exposição) e o morro estavam lá. Apenas errei na localização do hotel, que imaginava em frente à estação, mas era em frente à praça. O riacho, hoje poluído, ainda existe, mas não pude precisar o local da antiga pinguela.
Não me lembro se conversei com meus pais sobre essas passagens, talvez as lembranças não me incomodassem até o momento em que o livro O Céu de Laeta foi publicado.
Dessa curta separação nunca explicada talvez jamais saberei exatamente os motivos.


Agenor Portelli Teixeira Magalhães
Novembro/2011

domingo, 15 de abril de 2012

SAUDADE NÃO TEM IDADE


DE EUSEBIO GALVÃO PARA OS AMIGOS DIALÉTICOS.



Carly Simon, cantora americana cuja boca, extremamente sensual rivalizava com a da Gal Costa e a da Angelina Jolie, foi a responsável por introduzir no meio artístico o sensível James Taylor, sucesso até hoje entre os primordiais frequentadores do Rock in Rio.

Quem tinha que beijar, que beijasse. Agora, já fechamos o caixão...





LIÇÃO DE AMOR NO REINO ANIMAL

  Isto é simplesmente maravilhoso de assistir! Abraços... é tudo o que você precisa...


Click no link abaixo.




Versão original do Pai Nosso





É desta oração que derivou a versão atual do "Pai-Nosso",
a prece ecumênica de ISSA (Jesus Cristo).

Ela está escrita em aramaico, numa pedra branca de mármore, em Jerusalém / Palestina, no Monte das Oliveiras, na forma que era invocada pelo Mestre Jesus.
O aramaico era um idioma originário da Alta Mesopotâmia, ( séc VI ac), e a língua
usada pelos povos da região. Jesus sempre falava ao povo em idioma aramaico.

A tradução direta do aramaico para o português, ( sem a interferência da Igreja), nos mostra como esta oração é bela, profunda e verdadeira, condizente com
o Mestre Jesus.


" Pai-Mãe, respiração da Vida, Fonte do som,
Ação sem palavras, Criador do Cosmos !
Faça sua Luz brilhar dentro de nós,
entre nós e fora de nós para que possamos torná-la útil.

Ajude-nos a seguir nosso caminho
Respirando apenas o sentimento que emana do Senhor.
Nosso EU, no mesmo passo, possa estar com o Seu,
para que caminhemos como Reis e Rainhas
com todas as outras criaturas.

Que o Seu e o nosso desejo, sejam um só,
em toda a Luz, assim como em todas as formas,
em toda existência individual, assim como em todas as
comunidades.
Faça-nos sentir a alma da Terra dentro de nós,
pois, assim, sentiremos a Sabedoria que existe em tudo.
Não permita que a superficialidade e a aparência das coisas
do mundo nos iluda, E nos liberte de tudo aquilo que
impede nosso crescimento.

Não nos deixe ser tomados pelo esquecimento
de que o Senhor é o Poder e a Glória do mundo,
a Canção que se renova de tempos em tempos
e que a tudo embeleza.

Possa o Seu amor ser o solo onde crescem nossas ações.

Que assim seja !!! 

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A BELEZA DA AMIZADE ENTRE "DIFERENTES"

Uma demonstração muito bonita do amor e de solidariedade entre os animais. Vale a pena ver, ouvir e curtir este belo vídeo que envio a você agora.

Clique no link abaixo e bons momentos.


quarta-feira, 11 de abril de 2012

Considerações sobre a natureza


Esta crônica foi publicada na Folha de São Paulo do dia 25 de fevereiro deste ano; seu autor é Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV e professor do Departamento de Economia Rural da UNESP - Jaboticabal; foi ministro da Agricultura; é seresteiro diletante.
"Passei o Carnaval na roça e, mais uma vez, me impressionou a relação íntima do homem do campo com os fenômenos da natureza, que, ao longo dos tempos, foi formando uma 'cultura', que passa de geração em geração, explicando fatos e até mesmo antevendo-os.
Floradas, forma das nuvens, reação dos animais, tudo explica alguma coisa. Mas a Lua é, de longe, o item mais observado: se existe um halo em volta da Lua cheia, pode esperar chuva em dois ou três dias, mas, se a minguante está parecendo um prato vazio, esqueça: seca na certa, porque o astro não vai 'derramar' nada. E a influência dela no plantio, na castração de animais ou nos tratos culturais é, sem dúvida, crucial. E na música, então...
Talvez por isso o grande Catulo da Paixão Cearense tenha sido tão incisivo: 'Não há, ó gente, ó não,/ Luar como este do sertão./ A Lua nasce por detrás da verde mata/ Mais parece um sol de prata/ Prateando a solidão'. E vai além, insinuando que o cidadão urbano não tem a mesma sensibilidade do campeiro para com a Lua: 'A gente fria desta terra sem poesia/ Não se importa com a Lua nem faz caso do luar'.
Mas quantos outros poetas urbanos igualmente formidáveis e imortais celebraram a Lua? Pedi a alguns amigos que ajudassem a responder a essa questão, e encontramos dezenas, centenas de músicas exaltando a Lua e o luar. E, aliás, em todas as línguas: lá estão em francês o 'Clair de Lune', em inglês o 'Blue Moon', em espanhol o 'Contido aprendi' ('a ver la luz del otro lado de la luna...'). Mas são tantas e tão belas as músicas brasileiras que seria necessário um livro para mostrar todas. No entanto, algumas são fantásticas.
Orestes Barbosa escreveu 'Chão de Estrelas', com uma estrofe que diz: '...a porta do barraco era sem trinco,/ E a Lua, furando o nosso zinco,/ Salpicava de estrelas nosso chão...'. Essa mistura de Lua com estrelas se repete em outras canções inesquecíveis. Cândido das Neves, vulgo Índio, tem uma passagem a respeito: 'Lua, vinha perto a madrugada/Quando em ânsias minha amada/ Nos meus braços desmaiou,/ E o beijo do pecado,/ O teu véu estrelejado,/ A luzir, glorificou'.
Noel Rosa, em 'Pastorinhas', também juntou Lua e estrelas: 'A estrela Dalva no céu desponta/ E a Lua anda tonta com tamanho esplendor/ E as pastorinhas, pra consolo da Lua,/ Vão cantando na rua lindos versos de amor'. Portanto, também nas ruas, urbanas, a Lua é exaltada, como na melodia imortal cantada por Sílvio Caldas: 'A deusa da minha rua/ Tem os olhos onde a Lua/ Costuma se embriagar'.
Quanta maravilha! Muitos outros tratam a Lua como se fosse um ser inteligente, agindo de forma emocional. Índio mesmo diz: 'A estrofe derradeira, merencória/ Revelava toda a história/ De um amor que se perdeu/ E a Lua, que rondava a natureza,/ Solitária com a tristeza,/ Entre as nuvens se escondeu'. Já Orlando Silva, ao pedir que a Lua venha despertar a sua amada, sente-se observado por ela e chora: 'Canto e, por fim,/ Nem a Lua tem pena de mim,/ Pois, ao ver que quem te chama sou eu,/ Entre a neblina se escondeu'. Entre a nuvens, entre a neblina... E Ivan Lins entoa que: 'Até a Lua se arrisca num palpite'.
Sempre, sempre, a Lua tem sido e será fonte permanente de inspiração para apaixonados: 'Poetas, seresteiros, namorados, correi,/ É chegada a hora de escrever e cantar,/ Talvez a derradeira noite de luar...'. Não, jamais, nunca haverá uma derradeira noite de luar. Cely Campelo tomou banho de Lua, Rita Lee fez amor por telepatia na Lua que foi cantada por Gil, Caetano, Tim Maia, Chico, Lupicínio, Pixinguinha, João Bosco, Vinícius, Tom, Ary Barroso, Marcos Valle, Carlos Lyra, Dolores, Cartola, Gonzaguinha, todos os grandes.
Por isso, como diz Paulo César Pinheiro, em sua 'Viagem': 'Mas pode ficar tranquila,/ Minha poesia,/ Pois nós voltaremos,/ Numa estrela guia,/ Num clarão da Lua, quando serenar...'. Vamos esperar, sem esquecer o genial Nelson Cavaquinho, que decretou, definitivo: 'O sol não pode viver perto da lua...'"
                                                                                 

Legado da Família Magalhães



ZEZÉ versus DIDI

Poucas vezes conheci irmãos que se amaram tanto e se desentenderam com tanta freqüência.
Zezé era amigo, prestativo, carinhoso, mas muito implicante.
Didi era amiga, prestimosa, carinhosa, mas implicante também. E muito sensível. Ficava muito triste quando alguém a ofendia.
Jailma, fiel ajudante da Didi, era pivô de muitas discussões. Ela não era o único alvo. Mas como entrou na história bem no fim da novela, é sempre mais lembrada. O assunto “céu e inferno” era o preferido do Zezé. Mas, havia outros focos polêmicos também.
Didi, procurando transformar a Jailma em fiel seguidora de Jesus, aconselhava:
- Você precisa se converter, Jailma. A gente pode morrer a qualquer momento e, se não se converter, vai para o inferno na certa, e o inferno não é bom lugar para a gente ir. O sofrimento é eterno.
A Jailma prestava muita atenção e logo se convencia:
- É mesmo, Dona Elvira. Eu não quero ir para o inferno, não. Eu vou é me converter logo, para garantir meu lugar no céu.
Quando o Zezé ia visitar a Didi, ao ver a Jailma, alfinetava:
- Então, Jailma, o que é que a Didi falou com você sobre esse negócio de céu e inferno?
E a Jailma recitava o que já sabia de cor, por ter ouvido tantas vezes. E o Zezé jogava as suas farpas:
- E você acreditou no que a Didi falou, Jailma? Você é muito boba. Céu e inferno ficam aqui mesmo. Morreu, acabou! A Didi anda esclerosada e a cabeça dela não funciona bem. Não dê ouvidos a essa maluca. Ela está velha, coitada, não sabe o que diz.
E a Jailma se convencia, rapidamente, com os argumentos do Zezé. E dizia:
- Dr. Gastão, o senhor está certo. Céu e inferno é tudo aqui mesmo.
Ao ouvir o batepapo entre Jailma e Zezé, a Didi chamava a Jailma e perguntava:
- O que é que o Zezé estava dizendo para você?
E ela dizia:
- Que o céu e o inferno são aqui mesmo. No Brasil, no Estado do Rio e aqui em Campos.
Dona Elvira, já aborrecida, devolvia para Jailma:
- Eh, vai acreditando nas loucuras do Zezé. Você está é perdida.
E aí começava o famoso bate-boca entre Zezé e Didi. E falavam alto. Dona Elvira começava a chorar e o Zezé ficava aborrecido também. E dizia:
- Olha, Didi, não quero mais ouvir “abobrinhas”. Cansei. Não volto mais aqui.
E Dona Elvira devolvia:
- É bom mesmo. Para falar essas mentiras horríveis para a pobre da Jailma é melhor ficar para lá.
O Zezé saia pisando duro e pensando:
- Quem ela pensa que é? A “santarrona” Didi? Vou é deixar de visita-la e esperar que ela me procure.
Dona Elvira ficava chorando. E o Dr. Gastão saia rindo. Feliz por ter provocado lágrimas de raiva na Didi. Mas, pouco depois, a cabeça do irmão implicante sentia um peso enorme. Como é que pode? Amo tanto a minha irmã e fiz a pobrezinha chorar! E o remorso começava a corroer-lhe o coração. E se ela morrer de tristeza? Não vou me perdoar nunca! E começava a dramatizar. Em pensamento, via a Didi, pálida, no caixão cheio de flores. Suas feições estavam tristes e parecia ver lágrimas escorrendo de seus olhos fechados. Havia flores por todos os lados. Ele mesmo mandara fazer uma coroa grande, a mais linda com os dizeres: “Saudades eternas de seu irmão que a ama tanto”. E, como num delírio, via a Jailma com o dedo acusador em riste gritando: “Viu o que o senhor fez? Coitada da Dona Elvira. Morreu de tristeza porque o senhor brigou com ela”. E ele, sem querer, gritou: “Nãaaaaaaao!”. Parou o carro e entrou apressadamente na floricultura.
- O senhor está sentindo alguma coisa?
- Não. Vim comprar umas flores, as mais lindas que o senhor tiver aí. Não importa o preço. Minha irmã merece.
- É para entregar no endereço de sempre?
- Sim, senhor. Veja um cartão bem bonito. E escrevia a mais linda declaração de amor que um irmão sabe fazer.
E continuava seu caminho, agora mais aliviado. Dona Elvira (Didi) recebia as flores e ficava enternecida: “Que lindas! Só mesmo o Zezé para mandar flores tão especais. Ele não fala as coisas por mal. É que a sua cabeça já está ficando fraca. E ele, ao chegar à casa, ficava esperando o telefone tocar. Queria ouvir a voz da Didi. Ela não demorava a ligar:
- Alô, é Zezé?
- Sim, Didi, sou eu!
- Tudo bem? Quero agradecer as flores. São as mais lindas que eu já vi!  Devem ter custado uma nota...
- Que nada, Didi, você merece! Se eu pudesse, mandaria para você todas as flores mais lindas do mundo...
- Quer vir almoçar comigo amanhã?
- Vou, sim, com prazer.
E as pazes eram feitas. Não, sem antes, muita “rasgação de seda”.
No outro dia, ambos estavam ansiosos pelo encontro. Casa bem arrumada, toalha bonita, as flores recebidas enfeitando a mesa com arte. Zezé chegou. Muitos abraços, E a Jailma já estava prevenida: “Fique longe do Zezé. Para ele não botar “caraminhola na sua cabeça”. “Sim, senhora”.
Mas, pouco tempo depois, não dava outra: enquanto a Didi buscava a sobremesa e a Jailma foi tirar a louça, Zezé, disfarçadamente, perguntou:
- A Didi ainda tem alugado o seu ouvido com aquelas “abobrinhas”?
- Ah, Dr, Gastão, não quero saber dessa história de que céu e inferno ficam aqui mesmo, não!
- Você não larga mesmo de ser boba, né Jailma? A Didi está caducando...
Dona Elvira, ao voltar com a sobremesa, viu a Jailma conversando com o Zezé e perguntou:
- O que é que o Zezé estava falando? E começava tudo de novo... Quem lucrava sempre era o dono da floricultura...
Outras vezes, quem ficava aborrecido era o Zezé. A Didi pegava pesado e dizia:
- Não fale mais comigo. Você já está passando dos limites.
E o Zezé, todo empinado, saia dizendo: “Não vai me fazer a menor falta! Será que ela pensa que vou pedir desculpas ou mandar flores? E ruim, hein!”... No outro dia, era a Didi quem ligava.
- Alô, é Zezé? Como vai?
- Ué, você não disse que eu não falasse mais com você?
- Disse, mas peço desculpas. Como cristã, eu não deveria falar assim. Peço perdão e que você esqueça o que eu falei. Afinal, somos irmãos e nos queremos muito bem, não é?
- Claro, tudo certo, por mim, tudo bem.
- Então venha almoçar comigo amanhã. Vou fazer aquele doce de que você gosta.
- Combinado. Amanhã, estarei aí.
Mais flores. Tudo bem, na mais perfeita paz, durante o almoço, a sobremesa e o cafezinho. Mas a Jailma não apareceu na sala de jantar e o Zezé logo perguntou:
- A Jailma não está mais trabalhando aqui? Cadê ela?
- Está lá dentro lavando louça. Falei com ela para não aparecer aqui nem dar ouvidos a você.
- Aí já é demais, não é Didi? Você fez lavagem cerebral na pobre da Jailma. Isso não se faz. Quem você pensa que é?
- O que não se faz é me acusar duma coisa dessas. Você não pensa no que diz e vai despejando suas ofenças sobre a gente.
E lá se foram para o “beleléu” as esperanças de paz. Novo choro. Novos arrependimentos, mais flores. O homem da floricultura nem perguntava mais o endereço da entrega: já sabia. Nessa história toda, tia Laeta era fantástica. Não aprovava as implicâncias do Zezé e achava muito bom que ele presenteasse a irmã com as mais lindas flores...
Dona Elvira ficou muito doente e o Zezé estava sempre presente. Tratava-a com muito carinho e levava flores pessoalmente, sem que tivessem discutido. Quando a Didi faleceu, Zezé ficou muito triste. Não só porque perdeu a irmã querida, mas porque não tinha mais com quem implicar... Isso era importante para ele.
Tia Laeta havia falecido algum tempo e tio Zezé casou-se com a querida Maria. Fui visitá-lo um pouco antes da sua partida. No hospital, ele ainda me falou: “A Didi era muito cabeça dura e muito teimosa” (engraçado: a Didi achava a mesma coisa dele).
Algum tempo depois da partida da Didi, Zezé começou a acordar de madrugada, chamar D. Maria e desabafar: “Eu tenho uma raiva de lembrar que poderia ter falado poucas e boas para Didi em tais e tais situações, e não falei. Eu deveria ter dito tudo que queria a ela. Agora, estou com isso atravessado na garganta”. E D. Maria lhe deu uma inteligente sugestão:
- Então, Zezé, vamos levantar agora, nos vestir e ir ao cemitério. Acordamos o coveiro, pagamos para abrir a sepultura, tirar o caixão da Didi e você vai falar tudo isso com ela. Mas não se esqueça de nada! Depois, não me acorde mais de madrugada para falar sobre isso.
Depois da morte da Didi, perdemos a Jailma de vista e, enfim,  não sabemos de que lado ela ficou. Parece que Zezé não achou viável a sugestão de D. Maria. E não falou mais no assunto. Naturalmente, ele pensou que poderia “alugar” o ouvido da Didi no caixão e falar tudo o que deveria ser dito. Tudo, tudo mesmo! Mas, sabia que não ia ter em resposta, os argumentos e o choro dela.
E aí, não teria a menor graça...
        Cleds Bussinguer Lenz César
                 (Nora da Didi)
Enviado por Celia Magalhães Portelli
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Um comentário Eclético: 
Celinha! Que coisa mais linda, essa história!.... É assim mesmo, a realidade de pessoas de muitas famílias, uma mistura de atração e repulsão, de amor e ódio injustificados. Algumas vezes, senti-me muito identificada nesse enredo, pois o Luiz provoca isso na gente: a docilidade de um entezinho muito querido e a intransigência de um Ogro, daqueles bem rústicos, que nunca se amansará.
Temos que ir levando assim mesmo, já que o amamos tanto. E ele deve saber-se amado e vai "pintando" com nossos corações, ora provocando uns, ora outros, ora endeusando uns, para provocar outros, fazendo de seus parceiros os instrumentos que reforçam seus argumentos ou posições. Tudo sabe, nada desconhece, a não ser que finja uma ignorância ou modéstia, para lhe ser útil nos seus objetivos.
Mas foi muito bom, para entendermos melhor a sua adorável família!
Estou muito feliz por vocês terem se lembrado de mim com esse texto. Um beijo carinhoso, para você e seus irmãos, todos eles.
                                                                                                 
                                                                                                           Talita.
 

Conversê das Dialéticas Celinha e Talita


Caros amigos de minha geração !!! kkkkkkk
detenha-se em ler este papo ..porque tu vai rir muito ...rsrs

para aquele que nao pertence a minha geração .....recorde
as musicas tradicionais de infancia ...rs e vc vai entender
sem ser psicanalista ...

Deixo a pergunta :
_ Mito ou fato ?
                                  Celinha



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CONVERSA ENTRE DUAS CRIANÇAS DO SÉCULO XXI!!!


- E aí, véio?

- Beleza, cara?

- Ah, mais ou menos. Ando meio chateado com algumas coisas.

- Quer conversar sobre isso?

- É a minha mãe. Sei lá, ela anda falando umas coisas estranhas, me botando um terror, sabe?

- Como assim?

- Por exemplo: há alguns dias, antes de dormir, ela veio com um papo doido aí. Mandou eu dormir logo senão uma tal de Cuca ia vir me pegar. Mas eu nem sei quem é essa Cuca, pô. O que eu fiz pra essa mina querer me pegar? Você me conhece desde que eu nasci, já me viu mexer com alguém?

- Nunca.

- Pois é. Mas o pior veio depois. O papo doido continuou. Minha mãe disse que quando a tal da Cuca viesse, eu ia estar sozinho, porque meu pai tinha ido pra roça e minha mãe passear. Mas tipo, o que meu pai foi fazer na roça? E mais: como minha mãe foi passear se eu tava vendo ela ali na minha frente? Será que eu sou adotado, cara?

- Como assim, véio?

- Pô, ela deixou bem claro que a minha mãe tinha ido passear. Então ela não é minha mãe. Se meu pai foi na casa da vizinha, vai ver eles dois tão de caso. Ele passou lá, pegou ela e os dois foram passear. É isso, cara. Eu sou filho da vizinha. Só pode!

- Calma, maninho. Você tá nervoso e não pode tirar conclusões precipitadas.

- Sei lá. Por um lado pode até ser melhor assim, viu? Fiquei sabendo de umas coisas estranhas sobre a minha mãe.

- Tipo o quê?

- Ela me contou um dia desses que pegou um pau e atirou em um gato. Assim, do nada. Maldade, meu! Vê se isso é coisa que se faça com o bichano!

- Caramba! Mas por que ela fez isso?

- Pra matar o gato. Pura maldade mesmo. Mas parece que o gato não morreu.

- Ainda bem. Pô, sua mãe é perturbada, cara.

- E sabe a Francisca ali da esquina?

- A Dona Chica? Sei sim.

- Parece que ela tava junto na hora e não fez nada. Só ficou lá, paradona, admirada vendo o gato berrar de dor.

- Putz grila. Esses adultos às vezes fazem cada coisa que não dá pra entender.

- Pois é. Vai ver é até melhor ela não ser minha mãe mesmo... Ela me contou isso de boa, cantando, sabe? Como se estivesse feliz por ter feito essa selvageria. Um absurdo. E eu percebo também que ela não gosta muito de mim. Esses dias ela ficou tentando me assustar, fazendo um monte de careta. Eu não achei legal, né. Aí ela começou a falar que ia chamar um boi com cara preta pra me levar embora.

- Nossa, véio. Com certeza ela não é sua mãe. Nunca que uma mãe ia fazer isso com o filho.

- Mas é ruim saber que o casamento deles não está dando certo... Um dia ela me contou que lá no bosque do final da rua mora um cara, que eu imagino que deva ser muito bonitão, porque ela chama ele de 'Anjo'. E ela disse que o tal do Anjo roubou o coração dela. Ela até falou um dia que se fosse a dona da rua, mandava colocar ladrilho em tudo, só pra ele passar desfilando e tal.

- Nossa, que casamento bagunçado esse. Era melhor separar logo.

- É. só sei que tô cansado desses papos doidos dela, sabe? Às vezes ela fala algumas coisas sem sentido nenhum. Ontem mesmo, ela disse que a vizinha cria perereca na gaiola... já viu...essa rua só tem doido...



- Ixi, cara. Mas a vizinha não é sua mãe?

- Putz, é mesmo! Tô ferrado de qualquer jeito. 
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  Resposta de Talita

Adorei esse e-mail, Celinha! Vou encaminhar para todos da minha lista! Obrigada por ter se lembrado de mim. Você é muito legal mesmo! Achei muito divertido, tudo relacionado com as músicas de Ciranda de Roda e Cantigas de Ninar. Bem provável que os jovens de hoje não saibam o significado dessas atividades. Ainda mais que muitas mães hoje não cuidam dos filhos como antigamente e não sei se as creches ou babás se prestam ou têm essa cultura.
Essa mensagem me fez lembrar da Tatiana, minha filha, quando criança, ouviu contar a história dos Três Porquinhos, ficou morrendo de pena dos porquinhos que não tinham casinha para morar, mas teve mais pena ainda do Lobo Mal que não tinha comida para comer, que estava com fome porque, com certeza não tinha mãezinha para fazer comida para ele e aí passou a ficar morrendo de raiva dos Porquinhos e inverteu o sentido de toda a história infantil, já clássica.
Mas, com relação a essas músicas, elas, apesar de fazerem parte de uma tradição que acho linda - cantigas de ninar, cirandas de roda - trazem muita coisa complicada e, uma idelogia complicada para se deconstruir depois. Por exemplo, aquela: "Terezinha de Jesus, de um queda, foi ao chão. Acudiram três cavalheiros, todos três chapéu na mão". Imagina: o pai, o irmão e, por último, o marido.
A pobre mulher chamada Terezinha não conseguirá ficar de pé sozinha não. Ela precisa de qualquer um dos três varões para erguê-la. Ou seja, não  dá o direito da mulher escolher um homem, para ficar ao seu lado, ou mesmo permancer sozinha, se assim o desejar - nem levanta essa hipótese, mas justifica a necessidade dela precisar de um homem ao seu lado, sempre, caso queira, para ter o respeito e a dignidade que julga merecer.
E tem outras, por aí. Mas gosto desse folclore, cantava sempre em sala de aula, quando trabalhava com crianças.
 Bjs.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

CONTAGEM REGRESSIVA PARA A COPA 2014...



Faltam 3 anos,


12 estádios,


1 seleção,


1 técnico,


30 hotéis,


14 aeroportos,


120.000 km de rodovias,


2.000 km de metrô,


6 trens-bala,


115 favelas pacificadas,


33.000 soldados preparados,


2.000 restaurantes e


150.000 motoristas de taxi falando inglês.


Sejamos otimistas, falta pouco!

Conversê entre os primos ecléticos Talita e Sergito Folicular


 SERGITO FOLICULAR:



Oiiiiiiii !!

"Ontem", aquí  no Brasil, com 90 milhões  em ação, era  mais fácil
essas  reuniões (para  os  privilegiados).  "Hoje", também, mesmo
com 190 e tantos milhões, mas só para os privilegiados como nós,
né?
Acabei de  passar ótima semana de 4 dias com  a família e alguns
amigos, papeando, bebericando  vinhos  e comendo o que quis, lá
na prainha chamada Grussaí. Tirei fotos da natureza, caminhei, me
banhei na lagoa de "Iguiparí", pesquei e mergulhei no marsão meio
esverdeado.
Resumindo : com essa miséria de salário mínimo, com doenças e,
por conseguinte, sem a  fé necessária, é  dificíl...difícil...impossível.
O que comanda o nosso mundo, logo de frente, é o dinheiro e o se-
xo, capice?
Aceitaria opiniões  suas, para a minha evolução física e espiritual.

Ah!  Aprecie minha  mangueira e um pequeno  arco  iris que se for-
mou no interior da garagem, pela refração da luz do Sol, por dentro
das gotícular de água retidas nas folhas do lado esquerdo da foto.
Achei  uma visão "celestial".
   Abraços mil. 
 
TALITA BATISTA:

Oi meu querido primo Sérgio Armando!
Você tem razão quando relaciona a estrutura familiar à uma infra-estrutura econômica. Karl Marx já relacionava essa idéia aos interesses burgueses.
Temos que concordar que somos impregnados de mitos e ideologias que deformam nossa maneira própria de ver e interpretar a organização desse nosso mundo, não é mesmo? Tanto que a idéia da família,  por exemplo, junto com sua forma de organização e representação, foi uma construção histórica que foi evoluindo, no decorrer dos tempos.
Esses conceitos, seja da família, a visão da própria Infância, a visão do casamento, da maternidade e tantos outros são construções históricas, que a gente incorpora dentro das instituições, como a Igreja, a família, e mesmo, a própria escola, que se constituem em aparelhos ideológicos, que vão "fazendo as cabeças" de todos nós. Bourdieu, um sociólogo francês, no seu livro "A Reprodução", chama a esse fenômeno de "Violência Simbólica", em que se desvaloriza e busca até mesmo anular os valores populares nessas instituições estabelecidas, e que tanto valorizamos.
Um livro considerado clássico, para ler sobre essa questão, ouso sugerir: "História Social da Criança e da Família", de Phlippe Ariés, da editora LTC.
Sobre a questão a liberdade feminina, indico a leitura de: "A Sujeição da Mulheres", de Stuart Mill. Imagina que este pensador revela que o casamento é a pior forma de limitação da mulher, pior mesmo do que a escravidão antiga, porque no sistema escravagista, o senhor exigia apenas a servidão, pelo trabalho. O marido impõe e cobra a escravidão dos seus próprios corpos e, pior ainda, dos seus sentimentos. É uma grande obra! Stuart Mill não teve, como se pode constatar, o prestígio, por exemplo, que seu contemporâneo Jean Jacques Rousseau, no seu livro "O Emílio" ou Da Educação. Rousseau defende, nesse livro, que é um tratado educacional, que a Educação deve ser diferenciada, já que a Sophia deve ser educada para satisfazer ao Emílio, em todos os sentidos. Ela deve ser dócil, meiga, subordinada e até defensora dos interesses do marido, para ser digna, respeitável e feliz. Daí podermos concluir o óbvio, porque Stuart Mil foi muito menos divulgado e suas idéias muito menos aceitas.
Outra autora que eu gosto imensamente, mas que contrasta com todas essas idéias que temos na nossa cabeça chama-se Elisabeth Badinther. Nossa!... Essa é demais, meu primo querido! Um livro seu que considero de primeira linha, intitula-se "O Mito do Amor Materno, Um Amor conquistado". Este explica a evolução das atitudes femininas em relação à maternidade. E os bons leitores, com certeza, se surpreenderão ao ver que o amor materno não é necessáriamente um desejo feminino.
Outro livro interessante para refletirmos sobre a questão da cidadania do homem e da mulher, posso indicar um livro de Joan W. Scott, uma historiadora americana, intitulado: "A Cidadã Paradoxal", que trata do testemunho das feministas francesas, como Olympe de Gouges, Jeanne Deroin, Hubertine Auclert e Madeleine Pelletier, da época da Revolução Francesa, em relação aos direitos do homem.
Nessa linha, tem um livro também, que acho maravilhoso, chamado: "Palavras de Homem", também de Elizabeth Badinther, baseado numa pesquisa que a autora fez em cima dos discursos dos parlamentares franceses, mesmo após a Revolução Francesa, um país que levantou a bandeira da "Igualdade, Liberdade e Fraternidade", que precisou tanto do apoio das mulheres, na luta pelos direitos humanos (chamados Direitos do Homem) e que, a história mostrou, que apesar da dissimulação velada, os direitos eram do homem mesmo, apenas aquele representante do sexo masculino, que tem o pênis, como comprovação de sua masculinidade.
Bem, primo, li e concordo plenamente com todas essas idéias contidas nesses livros de vanguarda, mas, pessoalmente, defendo e respeito muito a liberdade de cada pessoa de optar pela vida que melhor lhe convém, na construção de sua própria felicidade. Penso que a vida é muito curta, e por questões de honestidade, podemos defender idéias, sem, necessariamente, termos que incorporá-las nas nossas próprias experiências pessoais.
Como sabe, sou "casamenteira", acho bom quando se consegue ter uma companhia, para partilhar o cotidiano, já tão tumultuado. E tudo é uma questão de opção mesmo, não é? Cada um tem o direito de procurar viver como melhor lhe convém, desde que respeite as outras opções de vida. Pessoalmente, procuro viver a vida, sempre que tenho oportunidade, de adotar, para mim, um estilo tradicional, de família, de casamento, de tentar ser uma mulher meiga, carinhosa, sem interpretar isso como uma escravidão. Isso me dá muito prazer ser assim. E, tive sorte de ser poupada até agora, pois encontrei parceiros que me respeitaram. Mas entendo que tudo tem um limite e cada um sabe o que melhor lhe convém.
Peço que me desculpe se fiquei prolixa na minha exposiçao, mas delegue isso também à minha dificuldade de alcançar uma linguagem sintética.

Beijos


sábado, 7 de abril de 2012

Reflexões Pascais em 2012



"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o disperdício da vida está no amor que não damos,  nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."
                           (Carlos Drummond de Andrade)
           
           

Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, ainda haverá guerra."
                                         (Bob Marley)
       
"Dar nem que seja um passo mínimo para se fortalecer é uma estratégia de sucesso poderosa, mesmo que pareça tolice aos olhos de outra pessoa."
           

"Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar nos sonhos que se têem ou que os seus planos nunca vão dar certo.....
                                           (John Lennon)



                             Então...


 "Não se julgue severamente, nem formule justificativas para seus sentimentos. Apenas repare no que pode modificar em seu mundo. Você pode, por exemplo, alterar suas emoções, pensamentos, atitudes e comportamentos. Ao fazer isso, as pessoas presentes em sua vida começarão a mudar"

         Tenham todos uma boa páscoa!

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Entrevista com Cora Coralina

 
 
 
Um repórter perguntou à Cora Coralina o que é viver bem.
Ela lhe disse:
"Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo pra você, não pense.
Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo que estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco.
É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.
Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga pra você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.
Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada.
Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais cansada e esquecida fica.
Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio!
Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha, não. Você acha que eu sou?
Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser. Filha dessa abençoada terra de Goiás.
Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos.
Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo.
Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança.
Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.
Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é decidir."

Maria Helena