quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Surpresa BRASILHA DA FANTASIA

Surpresa na maternidade

BUSCAS



                                                                        Meus 15 anos

BUSCA (I)

TROPEÇO NAS PEDRAS
ESBARRO NAS CERCAS ME PERCO NOS CAMINHOS DO TENTAR SER
BUSCO. O QUÊ?


BUSCA (II)

PODE SER QUE TU
NA FÉ DO MEU AMOR
ESQUEÇA QUE EU JÁ VIVIA
ANTES DE TUCHEGARES.
PODE SER QUE TU NÃO SAIBA
O QUANTO AMEI,
NEM QUANTAS VEZES AMEI,
ANTES DE TU ME AMARES.
PODE SER TAMBÉ
QUE TU NÃO SAIBAS
QUE JÁ ME FRAGMENTEI EM MIL PEDAÇOS,
COM OS OLHOS FECHADOS
TORCENDO AS MÃOS
PEDINDO A DEUS
QUE O AMOR
NÃO SE NEGASSE
A RENASCER UM DIA.

PODE SER QUE TU AO RENASCERES EM MIM
AGORA SINTAS QUE O AMOR CHEGOU
E QUE TE CHAMA EM CADA PULSAÇÃO.
MAS PODE SER QUE UM DIA
NEM VEJAS EM MEU AMOR
O TEU MOTIVO DE ALEGRIA
A TE ESTENDER A MÃO.
E PODE SER QUE TU
NA FÉ DO MEU AMOR ESQUEÇAS
QUE APESAR DE TI CONTINUAREI VIVENDO.

E, CERTAMENTE AMAREI OUTRA FLOR,
OU OUTRO ESPINHO DO CAMINHO QUE ME RESTAR
...SE EU ME PERDER DE TI!

LÚCIA MARINA GALVÃO DE QUEIRÓS
06/07/1989

                                                                  Meus 60 anos


sábado, 25 de agosto de 2012

AFINAL, QUEM É O ANIMAL?

                                            
         FONTE: INTERNET- (ENVIADO POR LUCIA MARINA)
                                              
DURANTE UMA TOURADA, O TOUREIRO SENTIU-SE MAL, TEVE TONTURAS E PRECISOU SENTAR-SE.
ANTES QUE ALGUÉM INTERFERISSE , O TOURO, QUE ESTAVA SENDO AGREDIDO PELO TOUREIRO
NESSE HORRÍVEL  ESPETÁCULO, APIEDOU-SE DO HOMEM, PAROU DIANTE DELE
E PARA SURPRESA GERAL, SIMPLESMENTE FICOU A OLHAR PARA ELE
.
O TOURO, COMO QUE SENTINDO O PROBLEMA, FOI SOLIDÁRIO E FICOU AO LADO DESSE HOMEM,
SEM NENHUMA REAÇÃO DE VIOLÊNCIA.
NORMALMENTE UM SER HUMANO, NUMA SITUAÇÃO DESSAS TERIA REAGIDO DE FORMA DIFERENTE.
OBSERVE QUE O ANIMAL JÁ TINHA RECEBIDO DIVERSOS ESPETOS NO SEU DORSO.
SERÁ MESMO QUE OS ANIMAIS (OS BICHOS) É QUE SÃO IRRACIONAIS?
 
    AFINAL, QUEM É O ANIMAL?????????

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Poema da Noite : Azul




Contribuição: Eusébio Galvão Queirós

Aviões e bombas voam como urubus
discos voadores levitam que nem hindus
morcegos escutam de longe
o que de perto nem enxergam
e as paixões humanas
quando não voam: cegam!
o sexo dos anjos está nas asas
como o de mulheres dando a luz
vampiros adoram virgens complicadas
preferem que elas tenham sangue azul
tudo que voa
vê lá de cima o que quer
mas só vento vai para onde quiser
assobia nas frestas
das portas e janelas
invisível como fantasma
sua alma vai e volta
será que vem do norte?
ou terá vindo do sul?
trará consigo a sorte
como traz paz para os hindus?
para muitos anunciará a morte
mas só para uns poucos
esta morte será azul
como o céu da terra
como a terra
azul


Tavinho Paes é poeta e compositor. Como poeta publicou mais de 100 títulos em edições independentes. Fez parte da chamada "geração mimeógrafo" dos anos 70. Como compositor, assina letras de mais de 200 músicas gravadas por artistas como Caetano Veloso, Gal Costa, Bethânia, Marina Lima, Marisa Monte, Gilberto Gil, Lobão, Rita Lee, Ney Matogrosso. Foi editor de O Pasquim e Rio Capital. Tavinho é um poeta multimídia, tem mais de 10 canais ativos na web e figura emblemática da cena poética do Rio de Janeiro.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Só um Cadinho Mió


     Serra do Cipó: Monumento ao caboclo mineiro

 
Poema concretista, de autoria do Padre Élcio José Toledo

Contribuição de Carlos Alberto Tanus

Já rodei muito na vida,
Quase o Brasil inteiro
Estradas do norte e do sul
Sem ter nenhum paradeiro.
 Mas vou contar uma coisa
E nisso sou bem verdadeiro
 Se o mineiro sai de Minas
Minas nunca sai do mineiro

 E não pode sair mesmo
 Digo de um jeito maneiro
 Depois de conhecer o Brasil
 Eu posso dizer bem faceiro
 Que quem conhece Minas,
 Conhece o Brasil inteiro
 E orgulhar-se de ser de Minas
 É orgulhar-se de ser brasileiro.

 Veja o Norte de Minas
Igual a cearense Icó
Tanta seca e pobreza
Que faz qualquer um sentir dó
Aquele calor e secura
 Lembra o sertão Seridó
 Ali é praticamente o Nordeste.
Só que "um cadinho mió"

 Sim, Minas também tem nordeste
Jequitinhonha, dizia minha avó.
Gente aguerrida e guerreira
Que sempre aguenta o jiló
Mas que sabe descansar sossegado
 Pescar, esperar o anzol.
Parece o povo baiano
 Só que um "cadinho mió".


Mas é no vale do Mucuri
Que a terra parece de um faraó
 Lá tem gente honrada e honesta
Que não vai para o xilindró
Lá o pessoal aproveita de tudo
Dá valor até ao mocotó
Parece muito a Paraíba
 Só que é um "cadinho mió"

E o povo do nosso Rio Doce
Povo moreno queimado do sol
Mas que trabalha na terra
Quieto poupando o gogó
Naquelas terras bonitas
Canta alegre o curió
 É um pedaço do Espírito Santo
Só que um "cadinho mió".

 E na zona da Mata
 Antes, lá era o cafundó.
Hoje tem gente que pensa
Que lá só é festa: samba, baião, carimbó
Mas lá se trabalha bastante
Não pense que é só futebol
Lá é igual o Rio de Janeiro
Só que um "cadinho mió".

 E o nosso sul de Minas
 Perseverante como o profeta Jó
 Gente que não teme o trabalho
 Num labor de sol a sol
Terra de gente importante
 Vestida de gravata e paletó
 Parece o povo paulista
 Só que um "cadinho mió".

 E o povo cafeeiro
Com os pés sujos de pó
Não têm medo de nada
Neles ninguém dá o nó
Café com leite no Brasil
 É o nosso grande xodó
 Parece o sul de Brasil
Só que um "cadinho mió"

O povo do Triangulo
Que usando um braço só
 Derruba um boi pelo chifre
Faz dele um simples totó
È um povo esperto e matreiro
Que não perde tempo fazendo filó
Igual o povo do Mato Grosso
Só que um "cadinho mió".

E nas nossas Cidades Históricas
Tudo no estilo rococó
lugar de gente ilustre
Tiradentes, Juscelino, Zé Arigó
Terra de revolução e de luta
 Inconfidência, revolta, quiproquó
 Poderia ser a capital do país
Só que um "cadinho mió"

E no Alto Paranaíba
Café, pães de queijo e de ló
De frutas gostosas, o abricó
 Lugar de aves campeiras
 A ema, o pavão, o carijó
Lugar de festas famosas
Rezas, danças, forró
Parece muito Goiás
É só um "cadinho mió".

 Se em Minas está o Brasil
Em Belo Horizonte, o Brasil é um só
 Mineiro de todos os lados
Juntos, amarrados com grande nó
Aos pés da serra do curral,
 Pertinho da serra do cipó
 Não deve nada pra nenhuma capital
Só que a nossa é MUITO E MUITO MIÓ.

                Poeta Mineiro o rei da poesia brasileira moderna
                                       Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Homenagem de Sávio Gomes a Rinaldi José Faes Rodrigues


Um dos personagens desta crônica, o Rinaldi José Faes Rodrigues, faleceu ontem, vítima de um acidente, após a explosão de um tanque de gasolina e vários dias internado. Dedico em sua memória esta modesta crônica. Um grande abraço a todos!

1966.
Sávio Roberto Moreira Gomes
27/10/2010
No livro da estante encontro uma ficha com minha assinatura e a data "1966".
Esforço-me para tentar lembrar qualquer coisa relacionada aquele ano, mas me surpreendo em saber que além da data, são vagas as lembranças.
Só me lembro que eu tinha 18 anos, trabalhava como locutor numa rádio católica de minha cidade, estudava no Liceu de Humanidades de Campos, e estava vivendo a minha primeira grande paixão amorosa.
Gostava de fazer longos passeios de bicicleta, ia sempre à Lagoa de Cima, e fui algumas vezes à Atafona, a maioria das vezes, sozinho. Ir à Atafona naquela época, significava enfrentar 40 quilômetros de estrada "de chão", mas também tinha o sentido de um "rito de passagem".
Meu pai e os meus tios tinham muitas vezes feito este mesmo percurso. Ir à Atafona, de bicicleta ou a pé, virou uma espécie de "hábito de família", e denotava "capacidade e força", algo assim.
Aos poucos, a memória foi ampliando um pouco mais, e aí surgiram a "Lambreta LD-50" e a "Vespa MI-3" do meu pai, na qual eu usava bastante. Também íamos às nossas pescarias, eu, meu pai e o meu irmão, às vezes também o Quincas, nosso amigo de infância e juventude.
Poucas as lembranças, escondidas ou perdidas nos porões da mente, empoeiradas por detrás dos neurônios!
Naquela época, vivia metido dentro dos cinemas! Ainda não tínhamos uma TV, o que só aconteceria em fevereiro do ano seguinte, presente da minha tia Mercedes.
Ah, sim! Vem agora à luz, algumas importantes lembranças! Meu pai e sua tesourona cortando os tecidos que se transformariam em suntuosos e perfeitos ternos de seus fregueses! Ternos completos, com direito ao "colete", tudo feito na mais precisa "marca de giz"!Ah, como eu me sentia "importante" em montar na "Gulliver" e ir comprar os "aviamentos" na Casa Brasil!
Na outra parte da sala, a "Singer" da minha mãe, fazia quase um dueto com a "Pfaff" do meu pai! As duas máquinas de costura tinham "timbres" diferentes, mas acabavam por entrar em "cadência", uma mais "grave" e a outra, mais leve, mais pro "agudo"...
Caindo mais um pouco do pó da memória, surgem as tardes de domingo, onde vários amigos que se apresentavam na Rádio Campista Afonsiana, nos programas de auditório, iam todos pra minha casa. Waldir de Souza, "O Trovador da Planície", o sobrinho dele, Ismael, o Joaquim José, o "Kiri" e muitos outros!
Foi nesta época que o meu irmão Sérgio Máximo deu seus primeiros passos no violão! Curiosamente, a minha irmã Sílvia, que estudava acordeon, não tocava conosco, mas, a minha irmã Suely gostava da cantar, e muito bem, por sinal.
Pensando bem, os meus pais eram bem tolerantes, e nunca reclamaram, nem mesmo quando eu resolvia fazer um "baile" em casa, com a radiola emprestada pelo companheiro de rádio, o Rinaldi, a todo volume!
É mesmo! Naquela época, era muito comum os bailes "em casa de família", e como juntava gente, muitos, verdadeiros "penetras"! Nada posso falar, pois eu mesmo fui "penetra" em muitos destes bailes, e em algumas vezes, tive que "sair batido", para evitar confusão.
Apesar de ser um período de grandes dificuldades financeiras para a minha família, vivíamos felizes! Hoje me dou conta, que grande parte disto tudo tinha por fundamento a estreita e harmoniosa relação afetiva dos meus pais!
Vivíamos tão juntos e tão afetivamente, que nem nos dávamos conta da absoluta tranqüilidade em que vivíamos.
Era uma vida completamente simples, sem nenhuma possibilidade de sobressaltos!
A rotina familiar quase sincrônica, as visitas de meus avós paternos sempre após a missa de domingo, o ir e vir dos netos também à casa dos avós!
Recordo-me agora dos pássaros que visitavam o nosso quintal! Sanhaços, sabiás, tiês, coleiros, tizius, e tantos outros, que sem perceber como, desapareceram!
1966, por assim dizer, não me parecia muito diferente dos anos anteriores! O "progresso" era bem lento naquele período, e mesmo jovens da minha idade, ainda guardavam muito do "menino" de pouco tempo antes!
A rua em que morava foi mudando de modo tão sorrateiro, que nem percebi! Só sei que "mudou" por uma visão de agora!
Não sei se eu tenho uma foto de quando eu tinha 18 anos! Talvez tenha alguma, de uma carteira de estudante, coisa assim. Não era muito fotografado, e por uma "mania" pessoal, evitava as máquinas fotográficas...
1966! Um ano dentro de já tantos anos da minha vida!
De um tempo em que eu não fazia conta do próprio tempo, como se o mesmo fosse eterno e imutável!

__Mas, hoje vejo, até a minha assinatura não é a mesma!






sábado, 11 de agosto de 2012

REFLEXÕES SOBRE O COTIDIANO DE SER PAI



 
                                       Autor: Sávio Roberto Moreira Gomes
                                                                  
Aprendo todos os dias, este cotidiano de ser pai.
Aprendo com os filhos, aprendo com a reflexão sobre o pai que tive.
Aprendo com os erros, com os acertos.
Entendo que às vezes, é preciso mudar de rota.
Entendo que sempre é tempo de recomeçar,
Tentar de novo. Inovar.
Descubro lições novas, revejo lições velhas.
Penso no pai que tive, no filho que fui.
Percebo que pai não morre:
Sobrevive nos filhos que teve.

Aprendo todos os dias, este mistério de ser pai.
Aprendo com os filhos, aprendo com os netos.
Guardo como tesouro, os acertos.
Entendo que é sempre importante entender os erros.
Aprendo que é sábio não repetir o que não serviu.
Mas, que é sempre tempo de recomeçar,
Tentar de novo. Renovar.
Descubro que de nada vale a vaidade.
Penso no filho que tenho sido
A despeito do pai que partiu,
Mas que permanece em meu peito.

Aprendo este cotidiano, a todo o momento.
Aprendo a cada dia a importância dos filhos.
Aprendo que devo cuidá-los e apoiá-los, incondicionalmente.
Entendo que devo cuidar-me, para ter força e saúde,
Para estar sempre apto a ajudá-los, a orientá-los.
Entendo que, no entanto, não posso escolher por eles.
Que eles também podem recomeçar. Inovar. Renovar.
Penso no pai que eu sou e nos filhos que tenho.
No pai que tenho conseguido ser.
Penso no meu pai e percebo
Que muito do que sou agora,
Devo ao que ele continua a ser para mim.

Uma fábula alcoólica

      

  Autor: Célio Pezza (escritor)

Era uma vez, um país que disse ter conquistado a independência energética com o uso do álcool feito a partir da cana de açúcar.

Seu presidente falou ao mundo todo sobre a sua conquista e foi muito aplaudido por todos. Na época, este país lendário começou a exportar álcool até para outros países mais desenvolvidos.

Alguns anos se passaram e este mesmo país assombrou novamente o  mundo quando anunciou que tinha tanto petróleo que seria um dos maiores produtores do mundo e seu futuro como exportador estava garantido.

A cada discurso de seu presidente, os aplausos eram tantos que confundiram a capacidade de pensar de seu povo. O tempo foi passando e o mundo colocou algumas barreiras para evitar que o grande produtor invadisse seu mercado. Ao mesmo tempo adotaram uma política de  comprar as usinas do lendário país, para serem os donos do negócio.

Em 2011, o fabuloso país grande produtor de combustíveis, apesar dos alardes publicitários e dos discursos inflamados de seus governantes, começou a importar álcool e gasolina.

Primeiro começou com o álcool, e já importou mais de 400 milhões de litros e deve trazer de fora neste ano um recorde de 1,5 bilhão de litros, segundo o presidente de sua maior empresa do setor, chamada Petrobras Biocombustíveis.
Como o álcool do exterior é inferior, um órgão chamado ANP (Agência Nacional do Petróleo) mudou a especificação do álcool, aumentando de 0,4% para 1,0% a quantidade da água, para permitir a importação. Ao mesmo tempo, este país exporta o álcool de boa qualidade a um preço mais baixo, para honrar contratos firmados.

Como o álcool começou a ser matéria rara, foi mudada a quantidade de álcool adicionada à gasolina, de 25% para 20%, o que fez com que a grande empresa produtora de gasolina deste país precisasse importar gasolina, para não faltar no mercado interno. Da mesma forma, ela exporta gasolina mais barata e compra mais cara, por força de contratos.

A fábula conta ainda que grandes empresas estrangeiras, como a BP (British Petroleum), compraram no último ano várias grandes usinas produtoras de álcool neste país imaginário, como a Companhia Nacional de Álcool e Açúcar, e já são donas de 25% do setor.

A verdade é que hoje este país exótico exporta o álcool e a gasolina a preços baixos, importa a preços altos um produto inferior, e seu povo paga por estes produtos um dos mais altos preços do mundo.

Infelizmente esta fábula é real e o país onde estas coisas irreais acontecem chama-se Brasil.


terça-feira, 7 de agosto de 2012

Olimpíadas 2012, texto imperdível!!!







Não Percam!!!! Abram o link abaixo e leiam.


O link:

http://www.youtube.com/watch?v=78nis_RTSFQ



Sinceramente, Cristãos

                    Alegoria e sátira em versos       
                 
                     Autoria de: Winston Churchill Rangel

–Só não chamaram de santa.
Agora, de vagabunda,
Desonrada e perdida
A família fez a festa.
De joelhos, disse a mãe:
Deus não te dê boa hora,
Pois já não és minha filha.

O irmão cuspiu-lhe o rosto
Com a baba grossa de bêbado.
O pai, com a mão estendida,
Mostrou-lhe o olho da rua.
São coisas de bons cristãos.

Com ele foi tudo igual,
Botaram a boca no mundo:
Palhaço, tonto, babaca,
Disse o pai que era batista.
Tapa-buraco, pedreiro,
Disse o irmão macumbeiro
Que aos domingos ia à missa.
A mãe, como toda mãe,
Semeou logo a discórdia:
Será que esse filho é teu?
São coisas de bons cristãos.

Tratados por criminosos,
Não havia crime algum,
Pois só fizeram cumprir
O que mandam os mandamentos:
Crescei e multiplicai-vos
Por amor de um ao outro.
E foram as duas crianças
Morar na beira do rio
Num barracão alugado.

Pra viver, cortaram cana,
Lavaram roupa pra fora.
À noite, por diversão,
Ficavam as duas crianças
Brincando com a criancinha.
Sinceramente Cristãos.

Na mesma velocidade
Em que passam nove luas,
Em que a cobra muda de pele,
Em que a vaca tem cria,
As dores eram verdade
Pelo ventre de Maria...

Ainda ontem crianças,
Agora homem e mulher,
Nos aceiros, noite ainda,
Vão os dois de bicicleta.
No quadro, ela com dores,
Ele nervoso, ao selim.
Cuidado agora, José!
É buraco? Pra direita.
Atoleiro? Quebra à esquerda.
A corrente saiu do eixo,
O suor corre da testa,
Dele e dela, pressa e dor.
Até que enfim o asfalto!

Agora fica mais fácil
Pra consertar a corrente,
Pra ela respirar fundo
Pra beberem um pouco dágua,
Vão parando os dois cristãos.

Agora, já na cidade,
Perguntam daqui, dali,
Onde é o hospital
E recebem por resposta
Um logo ali, por ali,
Que os cristãos falam apressados
Pois é véspera de Natal.
Queijos, vinhos, rabanadas,
Bacalhau de Portugal,
Festa de amigos ocultos,
Presentes distribuídos
Com as crianças do orfanato
–velhas bolas e bonecas,
Num corre-corre danado,
Não podem os bons cristãos
Atender aos seus irmãos
E pensar ao mesmo tempo
Na ceia de logo mais.
Num botequim-padaria
Descansam um pouco as pernas,
Ela come um sanduíche
De ovo frito e acha lindas
As bolhas do guaraná.
Ele com a testa enrugada,
Fica olhando pra fora
Onde passa um cavaquinho
De braço dado com um bêbado.
Na porta pára uma bicha:
–Padeiro, tem pão de ontem?
Quem mandou fazer demais.
E rouba um litro de leite.
Do corre-corre que ocorre
Se aproveita uma mendiga
Pra também roubar um pão.
Ele e ela se assustam,
Mas depois ficam mais calmos
Com o riso do português
Acostumado aos assaltos
Maiores e oficiais.
O portuga é bom cristão.
Com a psicologia
Que aprendeu, não na escola,
Mas com o umbigo no balcão,
Logo é conhecedor
De toda história e dores
E deita sabedoria
–Trata-se de um rebate falso,
Ou então parto sem doire.

No céu de chumbo um rabisco
Seguindo atrás o trovão.
O primeiro pingo cai.
Voltar pra casa não podem.
O padeiro os acode.
E diz com sinceridade
Que pra ficarem uma noite
–Tain lá embaixo o porão.

Ele abraçado com ela
Vão descendo pela escada,
E um forte cheiro de vela
Misturado com cachaça
Esquenta os seus narizes.
Quando a vista se acostuma,
Dão de cara com a bicha
Com seu saquinho de leite,
O bêbado e o cavaquinho,
A puta velha com o pão.
Amedrontados e quietos.
Mas logo cessam os raios,
O vento forte sossega,
A tempestade amaina.
No comércio da cidade
Os cristãos voltam à doideira
Champanhe com guaraná
Melhor bebida não tem.
–Se esqueceu do pó de arroz
Pra empregada lá de casa?
–Na esquina eu consigo
Um sabonete pra ela.
–O tio rico é de quem?
De quem é o tio pobre?
Então pro meu o relógio,
Pro teu um feliz natal.
–Roubaram a minha bolsa!
Seu guarda, é aquela negra!
Numa confusão total
Como só os bons cristãos
Fazem em tempo de Natal.

As horas passam depressa
Pois são filhas dos minutos
Todos feitos de segundos
Que é o tempo que basta
–Pra cobra dar o seu bote,
Pro sapo pular no brejo,
Pro demo piscar um olho,
Pro sino fazer din-don,
Pra agora ser meia-noite.

Na vidraça da janela
Do porão que dá pra rua,
Dois olhos arregalados
De homem olham os foguetes
Que saúdam o nascimento
De Nosso Senhor Jesus.
Uns estouraram, outros choram,
Mas todos por fim se apagam.
Menos um, o mais bonito
De cabeça e cauda grandes.
E o homem olhou pra trás,
Para chamar a mulher...
No que olhou, teve um susto:
Tinha nascido um menino
Que olhava a todos com calma.
Com uns olhos de um assim tão claro
Que iluminavam o porão.
Lá estavam os três reis magos,
Não com ouro, incenso ou mirra.

A bicha negra deu leite,
A puta velha deu pão,
O bêbado a poesia,
José um beijo em Maria.
Sinceramente Cristãos.