Texto escrito por Daniel Sampaio. Colaboração para o blog de
Eusébio Galvão.
Muitas crianças e jovens de hoje
vivem em ambiente de liberdade virtual. Os seus pais, que tanto receiam o seu
contacto com estranhos na rua, permitem-lhes várias horas por dia de televisão
ou computador, aparelhos muitas vezes colocados no próprio quarto. Quando
pergunto a adolescentes o que fazem os pais enquanto eles deambulam pela
Internet, respondem que os progenitores vêem televisão, circulam pelas redes
sociais, acertam emails ou conversam ao telemóvel com amigos. Os membros das
famílias de hoje interagem pouco e mergulham cada vez mais nos seus interesses
virtuais, quer sejam de lazer ou de trabalho. Por isso, muitas solidões fazem o
seu caminho, sem que o elemento da família, ali ao lado, pareça ter reparado. A
"comunicação" publicitada em todo o lado converte-se, em muitas
casas, em isolamento real.
É evidente que uma criança (ou um adolescente) dos nossos dias precisa ganhar competências face às novas tecnologias. O mundo atual exige tal rapidez de informação e de conhecimento só acessível a quem as dominar com destreza. E é hoje sabido como os mais novos vivem as etapas de desenvolvimento de uma forma muito diferente da dos seus pais e possuem conhecimentos, em áreas específicas, que são de louvar.
A questão é que criam dependências e vivem experiências de passividade que causam novos problemas. Muitos dos jovens de hoje, embora conectados, não vivenciam as experiências únicas da interação com os seus pares, quer na escola, quer na rua. Na família, o problema é semelhante: os valores, atitudes e comportamentos que outrora se aprendiam no contacto com os mais velhos são, em muitos lares, relegados para um segundo plano. E os pais têm cada vez menos oportunidade para ganhar experiência no exercício da parentalidade, porque lá em casa todos estão frente a um ecrã. Os pais só serão capazes de exercer autoridade sem autoritarismo - essa mistura de firmeza com calor afetivo - se tiverem oportunidade de se aproximar dos interesses e necessidades dos filhos, se conseguirem disponibilidade para ouvir as suas vivências e anseios. Se pais e filhos estiverem fechados em dois mundos virtuais, não haverá oportunidade para o exercício de um amor firme e de uma compreensão intergeracional.
Uma criança pequena pode ser incluída numa rotina de trabalhos domésticos, ou atravessar a rua para ir ao banco ou ao supermercado. Quando os pais preparam o jantar, pode colaborar em pequenas tarefas, como arranjar a mesa ou arrumar o seu quarto. Os pais podem valorizar o seu contributo, o que reforça a sua autoconfiança. Um adolescente consegue ajudar o irmão mais novo, ou providenciar para que a sua roupa de desporto seja depressa colocada a lavar.
Estes momentos são essenciais na educação dos nossos dias. Chamo ensino incidental ao aproveitamento, por parte de pais e educadores, desses pequemos momentos do quotidiano, onde os mais velhos iniciam as crianças na visão do mundo, ou lhes proporcionam novas vivências dos problemas e das suas soluções. São ocasiões em que os seres em desenvolvimento crescem em competência e confiança, e aprendem a equilibrar as suas necessidades com as dos outros.
Quando os pais interagem mais com os filhos - longe dos computadores - são mais capazes de respeitá-los como seres em maturação, e estão a contribuir para a descoberta do caminho para a autonomia.
É evidente que uma criança (ou um adolescente) dos nossos dias precisa ganhar competências face às novas tecnologias. O mundo atual exige tal rapidez de informação e de conhecimento só acessível a quem as dominar com destreza. E é hoje sabido como os mais novos vivem as etapas de desenvolvimento de uma forma muito diferente da dos seus pais e possuem conhecimentos, em áreas específicas, que são de louvar.
A questão é que criam dependências e vivem experiências de passividade que causam novos problemas. Muitos dos jovens de hoje, embora conectados, não vivenciam as experiências únicas da interação com os seus pares, quer na escola, quer na rua. Na família, o problema é semelhante: os valores, atitudes e comportamentos que outrora se aprendiam no contacto com os mais velhos são, em muitos lares, relegados para um segundo plano. E os pais têm cada vez menos oportunidade para ganhar experiência no exercício da parentalidade, porque lá em casa todos estão frente a um ecrã. Os pais só serão capazes de exercer autoridade sem autoritarismo - essa mistura de firmeza com calor afetivo - se tiverem oportunidade de se aproximar dos interesses e necessidades dos filhos, se conseguirem disponibilidade para ouvir as suas vivências e anseios. Se pais e filhos estiverem fechados em dois mundos virtuais, não haverá oportunidade para o exercício de um amor firme e de uma compreensão intergeracional.
Uma criança pequena pode ser incluída numa rotina de trabalhos domésticos, ou atravessar a rua para ir ao banco ou ao supermercado. Quando os pais preparam o jantar, pode colaborar em pequenas tarefas, como arranjar a mesa ou arrumar o seu quarto. Os pais podem valorizar o seu contributo, o que reforça a sua autoconfiança. Um adolescente consegue ajudar o irmão mais novo, ou providenciar para que a sua roupa de desporto seja depressa colocada a lavar.
Estes momentos são essenciais na educação dos nossos dias. Chamo ensino incidental ao aproveitamento, por parte de pais e educadores, desses pequemos momentos do quotidiano, onde os mais velhos iniciam as crianças na visão do mundo, ou lhes proporcionam novas vivências dos problemas e das suas soluções. São ocasiões em que os seres em desenvolvimento crescem em competência e confiança, e aprendem a equilibrar as suas necessidades com as dos outros.
Quando os pais interagem mais com os filhos - longe dos computadores - são mais capazes de respeitá-los como seres em maturação, e estão a contribuir para a descoberta do caminho para a autonomia.
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