segunda-feira, 27 de maio de 2013

Despedida de Talita




Amigos e familiares de Luiz Magalhães,
Esta semana, voltei de uma excursão que fiz ao Estado de Goiás. Dois dias após ter chegado à Caldas Novas, recebi telefonemas dos meus amigos Selmo,  Sérgio Armando, Lúcia Marina e Gurgel, para me dar uma notícia muito triste, o falecimento do meu grande amigo-irmão Luiz Magalhães.
Não pude me despedir pessoalmente desse meu amigo, mas sei que levou com ele a certeza de que nossas conversas, a exposição de nossas idéias, quase que diariamente, nos faziam muito bem. Mesmo com o pouco tempo que eu dispunha, lia todos os seus e-mails, porque sabia que, na opção que ele fez de se isolar dos amigos e da família, uma palavrinha amiga e carinhosa poderia ser sua companheira, assim como eu também valorizava suas mensagens, sinceras e cheias de autenticidade.
Tentei, de várias formas, tirar essa tristeza do meu peito, mas as lembranças dessa pessoa tão querida por mim, vem, involuntariamente, povoar minha mente e invadir o meu coração. Com a idade que tenho, e com tudo que já passei na minha vida, deveria estar mais preparada para essas perdas, já que muitas pessoas queridas de minha convivência também se foram para o outro lado da vida.
Mas, meus sentimentos me traem e insistem em apertar meu corpo, com a certeza de que o Luiz vai me fazer muita falta, apesar de não o ver, pessoalmente, há cerca de vinte anos, ou mais. Estou me sentindo e sei que vou me sentir órfã de um amigo como ele, sempre com uma palavra que encantava, que envolvia, que nos fazia pensar um pouco mais na vida. Quase todos os dias, nós nos comunicávamos, pelo computador, nos últimos tempos.
Até sua costumeira irreverência me encantava, mesmo quando eu reagia com um: - Meu filho, por que você está se expressando assim? Não pode respeitar a diversidade? Sempre houve entre nós um respeito e um carinho fraternal muito intenso. Tínhamos consciência das nossas diferenças, mas nos amávamos mesmo assim e, talvez por isso mesmo. Fomos atenciosos, cuidadosos e respeitosos, na construção dessa nossa amizade, no decurso de quarenta anos, mesmo que a vida tenha nos levado a interromper esses contatos por um longo período de nossa existência. Mas o sentimento fraterno continuou e sei que vou sentir muita saudade dessa amizade tão preciosa quanto rara.
Cheguei à casa, da citada viagem, muito cansada e, por volta de meia-noite. Mesmo lhe avisando que eu iria ficar fora do computador por uma semana, não consegui dormir sem vir antes, ao computador para ver se havia alguma mensagem dele para mim, obviamente escrita antes de morrer. Nada encontrei, a não ser uma mensagem da Áurea Magalhães, avisando-me que ele acabara de morrer, homenagens póstumas de Sávio, Sérgio Armando, Yvani Gurgel, José Vieira, o “Irmão Perito”. Todos esses amigos dele, e muitos outros que ainda nem citei, hoje são considerados por mim, também meus amigos.
O Luiz era um articulador de contatos, oportunizando, assim, simpáticos laços de amizade entre os amigos seus. Essa mania que tinha de encaminhar os e-mails que recebia para todos os seus amigos, inicialmente, me causou uma estranheza e até descontentamento. Posteriormente, confesso que fui agraciada, também recebendo e-mails de pessoas maravilhosas, dispostas a socializar esses laços de afeto e simpatia. Sinto-me presenteada por ter adquirido, por intermédio do Luiz, a amizade do Agenor Magalhães, da Áurea Magalhães, da Célia Magalhães, ter estreitado a amizade com a Vera Magalhães, sua linda família, que peço licença agora a vocês para poder herdar esse pertencimento.
Fui também agraciada, sempre intermediada, de alguma forma, pelo Luiz, com a aproximação e amizade do seu amigo Sérgio Armando, da Lúcia Marina, reaproximei-me do Sávio Gomes e da Beth Araújo... Enfim, foram inúmeros contatos que o Luiz estabeleceu e, com a sua generosidade imensa, abriu espaço para a minha vida social e afetiva continuar pungente, mesmo depois de ter passado por uma fase marcada por tanta luta e sofrimento familiar, como doenças e perdas de familiares tão queridos.
Por tudo isso, quero agradecer a Deus por ter me dado a oportunidade de ter um amigo como o Luiz Magalhães, uma pessoa que, durante toda sua trajetória de vida, deixou marcas fortes nas pessoas de seu convívio. Sinto-me honrada, por ter sido alvo de gestos amorosos dele, tanto voltados para minha pessoa, como para meus filhos, marido e toda minha família. Agora só peço a Deus, que perscruta o íntimo de cada um de nós, que cuide dele por nós, dando-lhe o carinho e o aconchego que não conseguimos retribuir-lhe, diante dos atropelos de nossas vidas. Um beijo, meu filho, vai em paz e que Deus te abençoe!
                                            Talita


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