Amigos e familiares de Luiz Magalhães,
Esta semana, voltei de
uma excursão que fiz ao Estado de Goiás. Dois dias após ter chegado à Caldas
Novas, recebi telefonemas dos meus amigos Selmo, Sérgio Armando, Lúcia Marina e Gurgel, para me
dar uma notícia muito triste, o falecimento do meu grande amigo-irmão Luiz
Magalhães.
Não pude me despedir
pessoalmente desse meu amigo, mas sei que levou com ele a certeza de que nossas
conversas, a exposição de nossas idéias, quase que diariamente, nos faziam
muito bem. Mesmo com o pouco tempo que eu dispunha, lia todos os seus e-mails,
porque sabia que, na opção que ele fez de se isolar dos amigos e da família,
uma palavrinha amiga e carinhosa poderia ser sua companheira, assim como eu
também valorizava suas mensagens, sinceras e cheias de autenticidade.
Tentei, de várias
formas, tirar essa tristeza do meu peito, mas as lembranças dessa pessoa tão
querida por mim, vem, involuntariamente, povoar minha mente e invadir o meu
coração. Com a idade que tenho, e com tudo que já passei na minha vida, deveria
estar mais preparada para essas perdas, já que muitas pessoas queridas de minha
convivência também se foram para o outro lado da vida.
Mas, meus sentimentos
me traem e insistem em apertar meu corpo, com a certeza de que o Luiz vai me
fazer muita falta, apesar de não o ver, pessoalmente, há cerca de vinte anos,
ou mais. Estou me sentindo e sei que vou me sentir órfã de um amigo como ele,
sempre com uma palavra que encantava, que envolvia, que nos fazia pensar um
pouco mais na vida. Quase todos os dias, nós nos comunicávamos, pelo
computador, nos últimos tempos.
Até sua costumeira
irreverência me encantava, mesmo quando eu reagia com um: - Meu filho, por que
você está se expressando assim? Não pode respeitar a diversidade? Sempre houve
entre nós um respeito e um carinho fraternal muito intenso. Tínhamos
consciência das nossas diferenças, mas nos amávamos mesmo assim e, talvez por
isso mesmo. Fomos atenciosos, cuidadosos e respeitosos, na construção dessa
nossa amizade, no decurso de quarenta anos, mesmo que a vida tenha nos levado a
interromper esses contatos por um longo período de nossa existência. Mas o
sentimento fraterno continuou e sei que vou sentir muita saudade dessa amizade
tão preciosa quanto rara.
Cheguei à casa, da citada
viagem, muito cansada e, por volta de meia-noite. Mesmo lhe avisando que eu
iria ficar fora do computador por uma semana, não consegui dormir sem vir antes,
ao computador para ver se havia alguma mensagem dele para mim, obviamente
escrita antes de morrer. Nada encontrei, a não ser uma mensagem da Áurea
Magalhães, avisando-me que ele acabara de morrer, homenagens póstumas de Sávio,
Sérgio Armando, Yvani Gurgel, José Vieira, o “Irmão Perito”. Todos esses amigos
dele, e muitos outros que ainda nem citei, hoje são considerados por mim,
também meus amigos.
O Luiz era um
articulador de contatos, oportunizando, assim, simpáticos laços de amizade
entre os amigos seus. Essa mania que tinha de encaminhar os e-mails que recebia
para todos os seus amigos, inicialmente, me causou uma estranheza e até
descontentamento. Posteriormente, confesso que fui agraciada, também recebendo
e-mails de pessoas maravilhosas, dispostas a socializar esses laços de afeto e
simpatia. Sinto-me presenteada por ter adquirido, por intermédio do Luiz, a
amizade do Agenor Magalhães, da Áurea Magalhães, da Célia Magalhães, ter
estreitado a amizade com a Vera Magalhães, sua linda família, que peço licença
agora a vocês para poder herdar esse pertencimento.
Fui também agraciada,
sempre intermediada, de alguma forma, pelo Luiz, com a aproximação e amizade do
seu amigo Sérgio Armando, da Lúcia Marina, reaproximei-me do Sávio Gomes e da
Beth Araújo... Enfim, foram inúmeros contatos que o Luiz estabeleceu e, com a
sua generosidade imensa, abriu espaço para a minha vida social e afetiva
continuar pungente, mesmo depois de ter passado por uma fase marcada por tanta
luta e sofrimento familiar, como doenças e perdas de familiares tão queridos.
Por tudo isso, quero
agradecer a Deus por ter me dado a oportunidade de ter um amigo como o Luiz
Magalhães, uma pessoa que, durante toda sua trajetória de vida, deixou marcas
fortes nas pessoas de seu convívio. Sinto-me honrada, por ter sido alvo de
gestos amorosos dele, tanto voltados para minha pessoa, como para meus filhos,
marido e toda minha família. Agora só peço a Deus, que perscruta o íntimo de
cada um de nós, que cuide dele por nós, dando-lhe o carinho e o aconchego que
não conseguimos retribuir-lhe, diante dos atropelos de nossas vidas. Um beijo,
meu filho, vai em paz e que Deus te abençoe!
Talita