quarta-feira, 6 de março de 2013

UM CASO RARO DE CALOSIDADE





Texto bem humorado, escrito pelo professor Luiz Magalhães

        Atendendo às recomendações expressas do meu cardiologista, que o melhor remédio para as coronárias é a caminhada, lá vou eu marchando em trote lento minha cota diária de 6 km.
        Para reforçar essas convicções, fiz uma reciclagem do Taoísmo, cuja doutrina afirma categoricamente que o segredo da longevidade reside no caminhar. E se o caminho se faz ao caminhar, há dois anos estou caminhando, caminhando sem parar, tirando a diferença de tantos anos sem caminhadas.
        Eis que surge um fato inesperado. Formou-se um “calo duro” na sola do pé esquerdo. Entre procurar o cirurgião Edson Batista, dileto amigo e competente profissional para essa pequena intervenção cirúrgica e a minha vizinha Dona Lina, mulher de muitos saberes e fazeres optei pela solução caseira. Munida de uma agulha de costura número dois, abriu uma pequena incisão indolor no centro da calosidade, de onde retirou um fragmento de cristal lenticular esverdeado e romboédrico, semelhante a uma siderita. Ali estava à razão da incomoda calosidade, segundo explicações da minha cirurgia amadora.
        Uma dúvida nos invadiu. Como aquele objeto estranho foi se alojar no meu pé, se não ando descalço?
        Guardei com todo cuidado aquele aparente silicato para uma investigação científica mais à frente. Por recomendação da digna senhora, para dissolver o tecido morto que restou da escoriação, recorri à farmácia mais conceituada da cidade em busca da pomada Minâncora e da Pyralgina (aquelas gotas mágicas que matam a dor sem matar o sofredor). Para surpresa minha fui informado pelo balconista, que tais medicamentos deixaram de ser fabricados a partir de 1940. Eram do tempo em que farmácia se chamava Pharmacia.
        Deixei o calo de lado e transferi minhas preocupações para o misterioso mineral. Nos meus estudos de mineralogia nunca tinha visto nada semelhante. Só um exame microscópico mais sofisticado poderia dirimir minhas dúvidas. Recorri ao Laboratório Pedra Verde e expus o problema ao bioquímico Paulo Klem. Depois de exaustivas observações e especulações com seu possante microscópio de última geração, concluiu com o seguinte laudo técnico: É um mineral petrograficamente sui-generis, cristalizado nas singonias monoclínica e rômbica, em formas mui similares, constituindo a série dos piroxênios. Refração bastante elevada e radioatividade próxima da “uranita”. Birrefringência mediana e pleocroísmo muito débil.
        É raríssimo na Terra! Como isso foi parar no seu pé, não encontramos nenhuma explicação científica plausível!!! Afirmou o analista bioquímico Paulo Klem, meio preocupado.
        Intrigado com o inusitado fenômeno percorri as instituições científicas da nossa cidade sem encontrar esclarecimentos. Levei o material ao astrofísico Sergito Folicular que garantiu não ser conseqüência do Big-Bang, podendo ser um fenômeno sobrenatural.
        Não satisfeito com as dúvidas, passei o problema para o cientista da Pesagro, Rogério Magalhães que levantou as seguintes hipóteses:
        _ “Ou é um fragmento de um satélite chinês que desgovernado acabou caindo na Terra, ou foi um ET que entrou sorrateiramente na sua casa, enquanto você dormia e implantou esse estranho fragmento no seu pé. Uma espécie de marcador genético!
        _Ah!

                     Luiz Magalhães  


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